| 15/07/2005 09h42min
O PT de São Paulo é um dos próximos alvos das investigações sobre corrupção em andamento no Congresso. Suspeitas de superfaturamento em recolhimento de lixo, de exigência de propina em concorrências de linhas de ônibus e de favorecimento de amigos pairam sobre dirigentes do PT da Grande São Paulo. As investigações vão checar se o suposto esquema de arrecadação está conectado a um possível pagamento de mesada a parlamentares.
A comissão já tem um alvo em potencial, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP). Simpatizantes, amigos e até familiares do parlamentar estão na mira de investigações no Congresso ou do Ministério Público. O caso mais emblemático é o de Valter Pucharelli, um dos fundadores do PT e casado com uma irmã de João Paulo. Coincidência ou não, os setores por onde passou Pucharelli – executivo que fez carreira ligada a licitações públicas – são alvo de queixas de superfaturamento, caixinhas, ajuda a amigos ou tudo isso junto.
Foi assim na
poderosa Central de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), estatal federal na qual Pucharelli era responsável pelos contratos. Uma recente licitação para recolhimento de lixo é motivo de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal. O edital da concorrência teria sido montado com participação de Pucharelli. A suspeita é de que os contratos estejam superfaturados e favoreçam apoiadores do PT.
Pucharelli também atuava na central de licitações da prefeitura de Santo André durante a gestão do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em 2002. Como o motivo do crime, segundo promotores de Justiça, teria sido divergência sobre a arrecadação de propinas oriundas de concorrências públicas, o Ministério Público vai checar todos os contratos firmados por Pucharelli à caça de irregularidades.
Pucharelli atua hoje como chefe do Departamento de Licitações da prefeitura de Osasco, administrada pelo PT, na Grande São Paulo. Foi na sua gestão que a agência
SMP%26amp;B, de Marcos
Valério de Souza - apontado como operador-mor do mensalão no país -, esteve a ponto de vencer uma licitação de R$ 3 milhões em contratos publicitários. Valério fez a campanha de João Paulo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados, em 2003.
Dez meses depois de o deputado vencer a disputa, a SMP%26amp;B, do empresário mineiro, ganhou a conta da publicidade da Câmara. Os gastos com publicidade pularam de R$ 3 milhões para R$ 10,5 milhões anuais na gestão de João Paulo. O contrato do Legislativo com a SMP%26amp;B ainda está em vigor.
Em Osasco, uma empresa de Valério, a Estratégica Marketing e Promoções Ltda, fez a campanha do candidato Emidio de Souza (PT) à prefeitura, por R$ 104 mil. Assim que venceu, o prefeito encarregou a comissão de licitação presidida por Pucharelli de contratar uma empresa de publicidade. A melhor colocada na disputa era a SMP%26amp;B. O processo ocorrido em Brasília se repetiria em Osasco, não fosse Valério cair em desgraça. A licitação em
Osasco foi cancelada dia
30 de junho. O secretário de Governo e Comunicação de Osasco, Gelso de Lima, explicou:
– Não poderíamos contratar uma agência que está sob suspeita nacional.