| 07/07/2005 07h05min
O ministro da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, decidiu deixar o governo. Ontem, o petista conversou sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comunicou a decisão.
Em encontro na Granja do Torto, o presidente não fez menção de demovê-lo. Lula ficou irritado com a revelação de que a revista do cunhado do ministro recebe verbas publicitárias crescentes de empresas públicas e também com a de que a empresa de consultoria Globalprev, da qual Gushiken era proprietário, teve seu faturamento ampliado em 600% no governo atual.
Segundo reportagem divulgada pela Agência Globo pouco depois da meia-noite, Gushiken comentou com colegas de ministério que pode deixar o cargo amanhã. Será o segundo ministro a cair na crise que também já derrubou José Dirceu, homem forte do primeiro ano do governo Lula, da Casa Civil.
Na terça-feira, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que um dos próximos escândalos a estourar seria nos fundos de pensão, setor muito ligado a Gushiken. O ministro indicou dirigentes de pelo menos dois grandes fundos de pensão de estatais, Petros (da Petrobras) e Previ (dos funcionários do Banco do Brasil). Gushiken é amigo de Lula há muitos anos e foi um dos seus mais influentes conselheiros na metade de seu mandato.
A Globalprev, consultoria da área de seguros sediada em Indaiatuba, interior de São Paulo, está localizada no mesmo endereço em que o ministro morou com sua família antes de assumir a Secretaria. Em 2002, antes de Lula assumir a Presidência, a receita da Globalprev era de R$ 151 mil. No ano seguinte, com Lula já no poder, atingiu R$ 1 milhão. Em 2004, a consultoria arrecadou R$ 1,9 milhão.
Em 1999, ano em que foi criada com o nome de Gushiken & Associados, a Globalprev faturou apenas R$ 48,5 mil. No ritmo dos últimos dois anos, a evolução patrimonial deve atingir números ainda mais expressivos até o fim de 2005. Os registros da Secretaria de Finanças de Indaiatuba mostram que o faturamento da empresa entre janeiro e maio deste ano atinge R$ 968,7 mil. A empresa presta serviços de assessoria atuarial (de cálculos nos valores de seguros), para empresas no setor de fundos de pensão, entre outros.
Outra curiosidade que envolve a ex-empresa de Gushiken refere-se à própria sede da Globalprev. A casa funciona no mesmo endereço onde o ministro morou até se mudar para Brasília, no fim de 2002. Hoje, segundo registro em cartório de imóveis, a casa pertence à sua cunhada, Cristiane Leonel Ferreira. A Globalprev, no entanto, continuaria pagando o aluguel de R$ 1.479,68 à mulher de Gushiken, Elizabeth Leonel Ferreira.
Os sócios da empresa, Wanderley José de Freitas e Rafael Tadeu Ferrari, já haviam trabalhado no passado com Gushiken. Freitas também foi assessor parlamentar do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo.
As informações são do jornal Zero Hora.