| 24/06/2005 01h10min
O presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez, afirmou na noite desta quinta que seu país cumprirá os contratos de venda de gás natural firmados com Brasil e Argentina. Em entrevista à rede de televisão internacional CNN, Rodríguez disse ainda que o governo boliviano estudará sua possível participação no "anel energético" que está sendo discutido por várias nações sul-americanas.
– O país tem uma conduta irrepreensível em honrar seus compromissos de ordem internacional. Fez isso, está fazendo e continuará, principalmente no que diz repeito aos contratos de fornecimento de gás com Brasil e Argentina – afirmou Rodríguez.
No entanto, ele esclareceu que o Executivo tem intenção também de fazer cumprir uma reforma do setor energético promulgada em meados de maio, que estabelece um aumento nos impostos pagos pelas multinacionais petrolíferas e a intervenção estatal no negócio.
Segundo Rodríguez, um dos objetivos de sua gestão será forjar "uma política de hidrocarbonetos que seja a mais compreensiva possível, não só para o consumo interno, mas para a região".
Com relação às exigências de nacionalização dos recursos energéticos feitas pelos setores sociais e a esquerda boliviana, o presidente disse que estes pedidos "podem merecer um imenso debate, mas acho que a legislação atual, a partir do regime constitucional e legal, resolve essa dificuldade". Além disso, o governante mencionou um plano conjunto de fornecimento de gás natural analisado pelos países do cone sul-americano para atenuar o déficit de energia na região, que afeta especialmente Chile e Argentina.
– Tomei conhecimento deste entendimento poucas horas antes de chegar a La Paz e pedi mais informação, para que os países que avançaram nesta idéia sejam capazes de informar-nos adequadamente e depois avaliar em que medida nós podemos ou não nos integrar – explicou.
Esta iniciativa regional, batizada como o "anel energético", prevê a construção de um gasoduto que vai do sul do Peru até o norte do Chile, de onde se conectará a redes de distribuição do hidrocarboneto para Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. A Bolívia possui as segundas maiores reservas de gás natural da América do Sul, com 48,7 trilhões de pés cúbicos, atrás das da Venezuela e à frente das do Peru.
Atualmente, o país exporta 24 milhões de metros cúbicos diários deste energético ao Brasil e sete milhões de metros cúbicos diários à Argentina. Em 9 de junho, Rodríguez assumiu o poder em substituição a Carlos Mesa, que renunciou assolado por uma grave onda de protestos, e o objetivo central de seu mandato é comandar um processo que resulte na realização de eleições gerais antecipadas.
As informações são da agência EFE.