| 09/06/2005 20h02min
A crise política que atinge o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá efeito na acomodação de um novo cenário para as eleições de 2006. A avaliação é do líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), que prevê a manutenção do PTB na futura campanha do presidente Lula. A figura central da crise é o presidente de seu partido, o PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), citado em denúncias de corrupção nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil, além de ter sido porta-voz de uma acusação de compra de voto de deputados do PP e do PL, comandada pelo PT.
– O quadro da sucessão em 2006 está sendo redesenhado, e o sucesso do presidente Lula vai depender do que vai sair de tudo isso. Pode ser que ele saia fragilizado, pode ser que ele saia bem – afirmou Bezerra.
– Mas a política não se analisa no momento da crise – ponderou o político. Mesmo assim, afirma que o presidente Lula é o principal alvo da crise, o que levará a oposição a ganhar frutos políticos por tabela.
E, apesar de Jefferson, prevê que seu partido deverá acompanhar Lula na campanha à reeleição em 2006. Fiel escudeiro de Lula, o senador, ex-ministro da Integração Nacional do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), tem marchado contra seu partido recentemente. Apesar da cúpula do PTB ter dado um voto de confiança e reiterar apoio ao presidente da sigla, Bezerra defende com firmeza o afastamento de Jefferson da presidência.
– Ele (Jefferson) deveria se afastar e exigir a apuração dos fatos. Mas ele disse que não vai deixar o cargo, ele quer fazer pelos meios legais e se submeter ao crivo do partido – disse Bezerra em seu gabinete no primeiro andar do anexo principal do Senado.
Mesmo com o PTB no centro da turbulência política, o senador reafirma seu apoio ao governo e ao presidente Lula, que, para ele, independe de cargos.
Mas não é por confiar na integridade e nos resultados positivos do governo que Bezerra guarda suas críticas. Ele credita à falta de compreensão do PT a grande parte dos problemas do governo, sobretudo no Congresso.
– A crise política vem de uma disputa de espaço político dentro do governo. O PT, que é o partido do presidente, tem 20% da base parlamentar, mas tem 80% do espaço no Executivo – comentou.
– O governo não vai permitir uma politização da CPI. Qual o objetivo da CPI? Apurar as denúncias que se fez nos Correios, e apurar com seriedade – disse apenas.
As informações são da agência Reuters.