| 03/06/2005 07h20min
Uma nova linha de investigação da Polícia Federal (PF) sobre um suposto esquema de fraudes em contratação de resseguros no governo federal surgiu nesta quinta, 2, durante o depoimento do ex-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) Lídio Duarte.
A PF ouvirá os dirigentes da Infraero, Eletronuclear e de Furnas responsáveis por indicar a corretora Assurê para intermediar operações de resseguro. As intermediações beneficiaram o corretor Henrique Brandão, dono da Assurê e amigo do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).
Exonerado do cargo a pedido em fevereiro, Duarte negou à PF ter deixado o cargo em razão de pressões para que arrecadasse uma mesada de R$ 400 mil para o PTB por meio de operações administrativas irregulares.
A afirmação consta de reportagem publicada pela revista Veja há duas semanas. Segundo a publicação, o corretor Brandão, falando em nome do deputado Jefferson, teria exigido de Duarte o pagamento da mesada.
O ex-presidente do IRB disse que não há obrigatoriedade de realizar licitações para contratação de seguros e também que é um direito da empresa segurada indicar o corretor de sua preferência. Assim, não caberia ao IRB e sim às seguradas – Furnas, Infraero e a responsabilidade última por repassar negócios à Assurê de Brandão.
Como a contratação da Assurê pela Infraero, Eletronuclear e Furnas foi noticiada pela imprensa, os dirigentes responsáveis pelas operações nessas empresas serão os primeiros a depor. A PF pedirá à Controladoria Geral da União que faça uma auditoria nos contratos dessas empresas para verificar outras indicações suspeitas de corretoras.
O próximo depoimento no inquérito que investiga o IRB deve ser o do jornalista Policarpo Júnior, que assina a reportagem sobre a suposta mesada do PTB. A PF pretende conseguir mais elementos que possam sustentar um eventual esquema de desvio de dinheiro com destino político.
O ex-chefe do Departamento de Contratação de Material e Serviço dos Correios Maurício Marinho será convocado para novo depoimento. A PF acredita que Marinho sabe mais do que falou e não teria colaborado para descobrir os responsáveis pela gravação na qual ele aparece recebendo um suposto pagamento de propina de R$ 3 mil.
As informações são de Zero Hora.