| 10/04/2005 16h20min
Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba estão estudando formas de conter a proliferação da microvespa Epichrysocaris, cujas larvas atacam as folhas do eucalipto citriodora, usadas para produzir óleo. Identificada pela primeira vez no Brasil em 2003, no norte de Minas Gerais, a praga já se encontra no Rio Grande do Sul. A perda na produção de óleo pode chegar a 40%.
– A Epichrysocaris é uma microvespa com cerca de 1 milímetro de comprimento, originária da Austrália. A fêmea põe ovos na epiderme das folhas do eucalipto citriodora, induzindo a formação de pequenas bolhas chamadas de galhas – relata o professor da Esalq Evoneo Berti Filho, que coordena a pesquisa.
De acordo com o professor, a folha pode abrigar de 40 a 50 galhas, com uma larva se desenvolvendo em cada uma delas. Os pesquisadores estudam as características biológicas do inseto buscando desenvolver formas de controlar sua proliferação.
– Não se sabe como a Epichrysocaris chegou ao Brasil. Para o controle, será pesquisada a correção dos solos em que se encontram os eucaliptos e a clonagem de variedades mais resistentes à praga – afirma Berti Filho.
A aplicação de inseticidas seria inviável para controlar o inseto.
– Além dos gastos elevados com aplicação aérea nas florestas de eucalipto, o produto poderia afetar o equilíbrio das áreas onde a árvore é cultivada – diz.
Berti Filho também aponta dificuldades para implantar o controle biológico.
– Seria preciso usar bactérias ou fungos, que necessitam de umidade para se desenvolver, mas certas regiões do Brasil, como o norte de Minas, enfrentam longos períodos de estiagem que inviabilizam esse tipo de controle.
A melhor forma de conter a praga, ressalta o pesquisador, seria dar ao próprio eucalipto as condições de resistir à formação das galhas induzidas pela oviposição (postura de ovos).
– A correção dos solos com adubação pode melhorar o estado nutricional da planta e fortalecê-la. Identificando variedades mais resistentes do citriodora, seria possível cloná-las para utilização em futuros cultivos de eucalipto – acredita.
O professor relata que a Epichrysocaris foi introduzida acidentalmente nos Estados Unidos em 1999, mas naquele país o inseto é pouco pesquisado, pois não há exploração comercial do eucalipto em grande escala.
– No Brasil, entretanto, a árvore é a base da indústria madeireira, sendo usada em reflorestamento e na produção de celulose, papel e óleo.
As informações são da USP.