| 25/03/2005 08h56min
A Monsanto anunciou nessa quinta, dia 24, o fechamento de um acordo com entidades do setor agrícola para pagamento de indenização pelo uso não-autorizado da tecnologia Roundup Ready nos próximos dois anos. O acordo prevê o pagamento de royalties no percentual de 1% do valor recebido pelo agricultor pela soja para a safra 2004/2005 e de 2% para a safra 2005/2006.
A tentativa de acerto demorou cerca de quatro meses, prejudicada pela seca que atingiu especialmente o Rio Grande do Sul. Nessa quarta, dia 23, representantes de entidades como a Federação Gaúchas da Agricultura (Farsul) e das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) conseguiram convencer a direção da Monsanto de que os prejuízos com a soja podem superar 70% e o Rio Grande do Sul não colherá nem 3 milhões de toneladas.
– Não poderíamos ficar alheios às perdas com a estiagem – afirma o gerente de negócio soja da Monsanto, José Carramate.
Pelo acordo, o produtor poderá pagar R$ 0,35 por saco de soja de 60 quilos entregue na cooperativa (hoje, o preço médio é de R$ 35). É um valor menor do que o pago no passado (R$ 0,60 por saco) e bastante inferior do que aquele que a Monsanto cobraria caso houvesse safra cheia (R$ 1,20).
Os dirigentes das entidades do setor agrícola, que celebraram o acordo informal, estão cautelosos, pois a minuta que saiu ainda terá de passar por assembléia em sindicatos e cooperativas. Nas bases muitos perderam a maior parte das lavouras e não têm intenção de pagar royalties à multinacional.
Conforme o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, a entidade não participou do acordo e não submeterá a minuta a seus associados. A posição é pelo não-pagamento do uso da marca.
– Como vamos repassar esse valor se estamos pedindo subsídios para o governo? – pergunta Pinheiro.
Ninguém sabe dizer como o produtor se identificará à empresa como associado da Fetag e ficará desobrigado de pagar royalties para a Monsanto. O gerente da multinacional não inclui ou exclui do acordo qualquer grupo, limitando-se a dizer que a negociação envolve "entidades representativas do setor agrícola".
As informações são do jornal Zero Hora.