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 | 10/03/2005 14h55min

Exportações de carne bovina crescem 30% no primeiro bimestre

Perda de renda na pecuária de corte pode inibir expansão do rebanho

Apesar da queda no valor pago pelo boi gordo e do aumento dos insumos de produção, o Brasil manteve a expansão no volume exportado de carne bovina no primeiro bimestre de 2005. As remessas do segmento geraram receita de US$ 370,5 milhões nos dois primeiros meses de 2005, 30% a mais que os US$ 285,5 milhões de igual período do ano passado.

Em volume as exportações somaram 289 mil toneladas no primeiro bimestre deste ano, 30% a mais que as 222,8 mil toneladas registradas em janeiro e fevereiro de 2004. O preço médio de exportação de carne in natura foi de US$ 2,240 por tonelada no mês passado, 6% a mais que o valor médio de US$ 2.110 por tonelada em fevereiro de 2004.

A queda no preço pago pelo boi gordo e a alta nos custos de produção nos primeiros meses de 2005 estão provocando uma contínua perda de renda para o setor de pecuária de corte. Estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP) indica que em janeiro os custos de produção subiram 0,22%, mas o preço pago pelo boi gordo caiu 3,18%. Ao longo de 2004 os custos de produção subiram 10,10%, enquanto o preço pago pelo gado caiu 0,03%.

A CNA alerta que a manutenção do quadro de perda de renda na pecuária de corte pode comprometer os resultados da atividade em médio prazo, pois o criador de gado está sendo obrigado a vender matrizes para manter-se capitalizado. Ao abater fêmeas o segmento compromete a capacidade de expansão e de reposição do rebanho no futuro, explica o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. Em 2004 as fêmeas representaram 35% do total de abates de bovinos.

– No início deste ano, a taxa de abate de matrizes está acima de 50% – diz Nogueira.

O dirigente do Fórum ressalta que desde janeiro de 2003 o preço pago pelo boi gordo ao pecuarista subiu bem menos que os valores de venda da carne bovina no varejo, no atacado ou nas exportações. Análise da CNA mostra que entre janeiro de 2003 e janeiro de 2005 o preço pago pelo boi gordo pago ao produtor subiu 4%. No mesmo período, no entanto, o preço médio das exportações subiu 8,4%, o valor de negociação do traseiro no atacado teve elevação de 13,1% e o preço no varejo do cupim registrou elevação de 28,6%.

No mesmo período o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou variação de 15,7%. Segundo Nogueira, os números provam que há um processo de transferência de renda na cadeia da pecuária de corte, com perda para os criadores de gado.

Além de não receber o repasse na melhoria dos preços de venda da carne, os produtores também estão enfrentando a alta dos preços dos insumos, referenciados em dólar. Em janeiro a suplementação mineral (item que representa 15% dos custos de produção) subiu 1,35%, enquanto o dólar caiu mais de 2%. No ano passado o mesmo item já havia subido 13,35% sob a justificativa de que esse insumo está fortemente vinculado ao dólar e que a moeda estrangeira havia apresentado valorização.

– Na hora em que o dólar sobe, os insumos também sobem de preço. Mas na hora em que o dólar cai, os preços dos insumos não voltam – critica Nogueira.

As informações são da CNA.

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