| 02/02/2005 08h19min
A queda das cotações do dólar deflagrou promoções que acirraram a concorrência entre as padarias. O preço do pão francês de 50 gramas, que ficava entre R$ 0,20 e R$ 0,25 a unidade, baixou para uma faixa de variação que vai de R$ 0,15 a R$ 0,20, em alguns bairros da Capital. Algumas ofertas chegam até a R$ 0,12, de acordo com levantamento do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas e Biscoitos do Estado (Sindipan).
A concorrência entre os estabelecimentos foi aberta pela redução ao redor de 20% no preço da farinha de trigo nos últimos três meses. Importada por panificadores, a farinha equivale a 40% do preço final do pão. A queda no valor do insumo possibilitou ao pequeno empresário Adaolir Maffei, dono da Confeitaria e Padaria Maffei, no bairro Partenon, vender o pãozinho por R$ 0,15.
- Eu não tinha pão a esse preço há uns quatro anos - diz Maffei.
Na padaria Via Rimolo, no bairro Azenha, o proprietário João Carlos Rimolo compra farinha 15% mais barata do que há alguns meses. O fato, aliado à redução no consumo no verão e à concorrência de estabelecimentos que assam pãozinho pré-pronto, fez o preço cair para R$ 0,20.
Apesar de favorável para o consumidor, a disputa preocupa representantes do setor. O presidente do Sindipam, Arildo Bennech de Oliveira, explica que a concorrência acirrada faz com que as reduções dos preços finais sejam maiores do que a queda registrada no custo da farinha, o que prejudica os estabelecimentos com menos condições da bancar os descontos. O maior problema, avalia, é o fato de que, se o dólar voltar a subir, os consumidores não aceitarão reajustes:
- A atual cotação está fora da realidade, como estava quando o dólar valia R$ 4. Bom, mesmo, é o equilíbrio - afirma Oliveira.
Segundo estudo do Centro de Pesquisas Econômicas (Iepe) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de setembro a dezembro o preço do pão cacetinho de 100 gramas caiu de R$ 0,46 para R$ 0,42. Para o economista do Iepe José Antônio Villanova Filho, a tendência é que os dados referentes ao mês de janeiro deste ano, ainda não processados, indiquem uma diminuição mais expressiva do preço do pão, acompanhando a desvalorização da farinha de trigo.
ZERO HORA