| 14/09/2001 11h49min
Uma milícia formada por colonos sem-terra radicados em Jóia, noroeste do Estado, é investigada por suspeitas de envolvimento na morte do agricultor Pedro Milton da Luz Pedroso, 49 anos. Pedroso foi morto com um tiro de espingarda na frente da mulher e de um filho de 12 anos, na madrugada de 7 de setembro. Conforme relatos à polícia, os matadores integram um “grupo de disciplina” de 60 colonos vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O homicídio ocorreu quando a milícia tentava expulsar cinco famílias sem vínculos com o movimento, que se instalaram nos assentamentos do MST em Jóia. Pedroso, antes de morrer, teria recebido recados para deixar o assentamento, onde comprara terras de terceiros. Ele não portava arma e foi morto de cuecas, ao abrir a porta de casa para ver os autores dos tiros contra sua moradia. A morte desencadeou uma caçada policial sem precedentes em Jóia, município que se recupera da fama indesejada que alcançou com o pioneiro surto de febre aftosa nesta década no Rio Grande do Sul. O agricultor foi morto às 5h30min no assentamento Rondinha, formado em 1995, hoje com 234 famílias. Meia hora depois da morte, a Brigada Militar prendeu Luiz Carlos Pires, Felisbino Rodrigues dos Santos e Miguel Amaro Vaz, com uma espingarda calibre 28, com cartucho intacto. Eles foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma e formação de quadrilha. Na mesma madrugada em que Pedroso foi morto, os milicianos vinculados ao MST percorreram cinco casas ordenando a saída dos colonos. Quatro dos presos disseram terem sido convocados em Palmeira das Missões, Cruz Alta e Júlio de Castilhos para “formar uma patrulha e fazer um serviço” em Jóia. O juiz Adair Philipsen, de Augusto Pestana, homologou os flagrantes e decretou a prisão preventiva de três assentados de Jóia. Policiais civis de São Luís Gonzagae Jóia, comandados pela delegada Carla Mussi, passaram a semana à procura dos foragidos.
HUMBERTO TREZZI