| hmin
Às vésperas do início do plantio da safra agrícola 2004/2005, autoridades federais e estaduais, parlamentares e representantes de todos os segmentos da cadeia do agronégocio brasileiro se reuniram nesta quarta-feira, dia 15, na Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento da Rural da Câmara dos Deputados. Os objetivos da reunião foram alertar o governo sobre o risco de colapso no setor, reivindicar novas medidas e pressionar a área econômica para ampliar a oferta de crédito para o plantio e comercialização da safra.
Convocada para debater os problemas gerados pela forte alta dos insumos agrícolas e redução da renda no campo, a audiência pública mostrou que, apesar do esforço que vem sendo feito pelo governo federal, o “carro chefe” da economia brasileira continua com pouco crédito para a compra de insumos e sementes; carece de infra-estrutura para o armazenamento e escoamento da produção e está entrando em processo de endividamento.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, disse que o agronegócio corre o risco de sofrer um “apagão logístico”, caso o governo federal não flexibilize as regras de importação de insumos básicos e não invista maciçamente em infra-estrutura para o escoamento da safra.
– O setor agrícola tem carregado a economia brasileira nas costas e não pode correr o risco de queda de produção e de comercialização – ressaltou.
Segundo o presidente da Comissão, deputado Leonardo Vilela, a lenta liberação dos créditos de custeio, os juros elevados e a queda de preços dos principais produtos agropecuários estão “aumentando perigosamente” o nível de endividamento dos produtores e ameaça provocar uma queda abrupta na safra 2004/2005. Ele criticou a atual política econômica do governo, que “quer acumular superávit primário a qualquer custo, inclusive sacrificando áreas estratégicas como os investimentos na agropecuária”.
A lista de reivindicações apresentada pelos representantes do agronegócio na audiência pública abrange a redução nos juros para a agricultura, aumento do crédito de custeio e de comercialização, investimentos em infra-estrutura, pesquisa e defesa agropecuária e redução da carga tributária do setor. A lista inclui também isenção de tributação para a compra de máquinas e implementos agrícolas, importação direta de agroquímicos dentro do Mercosul, implantação das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e aprovação da Lei de Biossegurança.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Macel Caixeta, a falta de crédito e a redução da renda no campo estão restringindo a capacidade de investimento na nova safra.
– Se esse quadro não mudar, haverá uma queda acentuada na produção – afirmou Caixeta, ressaltando que o setor já trabalha com a perspectiva de quebra da próxima safra de milho, que é matéria-prima dos principais insumos básicos da agropecuária. – Precisamos que esses recursos venham logo, antes que seja tarde. A agricultura não pode esperar, pois o setor tem hora certa para plantar e para colher – enfatizou Macel Caixeta.
Ex-ministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso, o deputado Francisco Turra afirmou que o setor já está operando dentro do limite do “sinal amarelo”. Para o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o governo ainda não percebeu que o atual cenário da agricultura brasileira está completamente diferente do que há três meses.
– A realidade do campo não condiz com a realidade da balança comercial brasileira. O agricultor está apavorado, sem saber o que plantar e sem garantia de preço na hora da comercialização – enfatizou.
Mesmo com as críticas, os participantes da audiência pública elogiaram a gestão do ministro das Agricultura, Roberto Rodrigues.
As informações são da Agência Brasil.