| 10/07/2001 08h55min
De acordo com o secretário da Agricultura, Odacir Zonta, o governo prepara uma medida cautelar preventiva para notificar até esta quarta-feira as lideranças do movimento dos trabalhadores em agricultura familiar e a organização do encontro marcado para quinta-feira em São Miguel do Oeste. De acordo com o secretário, a medida tem caráter preventivo e foi adotada em função das declarações de integrantes do movimento de que trariam agricultores de Jóia (RS) para prestar depoimento sobre as circunstâncias que vivenciaram com os focos de febre aftosa na cidade. Jóia foi o primeiro município gaúcho a registrar a doença, ainda em 2000. Segundo Zonta, trata-se de uma questão de interesse público, uma vez que o risco de dispersão do vírus é muito elevado e a transmissão pode acontecer pelas roupas. – É um direito democrático realizar o encontro, mas trazer agricultores de Jóia é como trazer o problema para dentro de casa. Em Jóia não se sabe como o vírus entrou – disse. O secretário de Desenvolvimento Econômico de São Miguel, Juarez da Silva, que organiza o encontro, disse que não sabe porque o governo acha que haveria manifestação pela vacinação ou de que participariam agricultores de Jóia. Ele disse que será um seminário para pessoas de Santa Catarina que discutirão doenças infecto-contagiosas, inclusive aftosa. As partes trocam acusações de que há política envolvida na polêmica, porque a agricultura familiar defende a vacinação no combate à aftosa e o governo do Estado teme perder mercados que só compram carne sem vacinação. – O movimento é político. Se acontecer alguma coisa, o Estado será responsável e o movimento sairá ileso? – questionou Zonta. – Não virá ninguém de outro Estado. Acusam o PT e usam isso de bode expiatório para não debater o assunto, já que os agricultores querem vacinar – rebateu Silva. O encontro em São Miguel do Oeste (município administrado pelo PMDB e PT) intitulado Seminário Municipal sobre Febre Aftosa reunirá cerca de 159 agricultores, na previsão dos organizadores.