A crise energética vai custar ao Brasil pelo menos R$ 10 bilhões em investimentos planejados para este ano. O valor é uma estimativa do coordenador do grupo de conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Levy. O Ipea revisou de 6,5% para 4,8% o crescimento das aplicações em expansão das atividades em relação ao ano passado em decorrência do racionamento que atinge as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Alguns efeitos já começam a ser percebidos. A Telemar atribuiu à “atual conjuntura, agravada pela crise energética” a ausência do leilão da Banda E de telefonia celular. A Flextronics, empresa com sede em Cingapura, avisou do cancelamento de US$ 85 milhões em investimentos e a realocação do Brasil em último lugar na sua lista de prioridades, o que significa a transferência dos projetos para outros países. Como agravante, chegou a ser anunciada a indisponibilidade de energia para novas empresas nas regiões atingidas pelo contingenciamento. – O racionamento de energia restringe o potencial de produção da economia – explica Levy. Os cálculos do Ipea levam em conta a redução da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 4,3% para 3%, e a estimativa de 20% de investimento. Levy também esclarece que, para os modelos do grupo de conjuntura, investimento tem um sentido estrito, bem específico. É considerada a aplicação em máquinas (inclusive agrícolas), equipamentos, obras civis, aparelhos e estrutura de telecomunicações e de energia. O coordenador ainda destaca que a revisão não significa diminuição em relação ao ano passado, mas um crescimento menor do que o estimado anteriormente.