| 06/05/2004 12h01min
Estacas pontiagudas feitas de taquara formam uma cerca de proteção dos cerca de 700 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que invadiram em 2 de abril a Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, no RIo Grande do Sul. Na véspera do dia marcado pela Justiça para a desocupação, eles começaram a montar um forte aparato de defesa contra uma possível ação da Brigada Militar.
No final da tarde desta quarta-feira, dia 5, teve início a montagem de barricadas em torno do local onde estão os colonos. Galhos de árvores foram amontoados para formar barreiras. Trincheiras seriam cavadas ao longo da noite e da madrugada desta quinta-feira, dia 6. Segundo o MST, apesar da movimentação, a idéia é evitar o confronto contra os policiais. O aparato montado na Fazenda Guerra seria apenas uma medida de segurança para as famílias ali alojadas.
– Queremos ao máximo evitar um confronto. Temos muitas mulheres e crianças neste acampamento. Mas vamos resistir
a qualquer tentativa de nos
tirarem daqui usando a força – advertiu Silvio dos Santos, um dos líderes do movimento na região.
Uma reunião entre representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do MST foi marcada para esta quinta. O objetivo do encontro é definir o futuro das pessoas que invadiram a Fazenda Guerra. Em um acordo extra-oficial, o instituto teria se comprometido a apresentar uma proposta aos invasores para que eles deixassem a área. Porém, eles prometem permanecer na propriedade se a sugestão do Incra não agradar.
Neste caso, a Justiça poderá atender ainda nesta quinta ao pedido de reintegração de posse apresentado pelos advogados da família Guerra. Outro grupo de 250 manifestantes ligados ao MST, que iniciou uma marcha no dia 24 de abril em Cruz Alta, e que desde terça-feira está acampado no km 3 da RS-142, também em Carazinho, promete prosseguir a caminhada na manhã de hoje, passando pela principal avenida da cidade e se concentrando no centro
para aguardar o resultado
da reunião. Se o movimento optar por permanecer na fazenda, a marcha também deve rumar para Coqueiros do Sul e se integrar aos invasores.
Cerca de 50 produtores ligados ao Sindicato Rural de Carazinho monitoram os sem-terra desde o início da semana. Um dos pontos de vigília dos ruralistas foi montado quase em frente ao acampamento do MST na RS-142. Os ruralistas garantem que irão prosseguir com a vigília sobre os manifestantes.
As informações são do jornal Zero Hora.