| 21/05/2001 07h39min
Um importante banco genético do Rio Grande do Sul está ameaçado pelos focos de febre aftosa em Alegrete. A Estância Sá Brito, com trabalho de reprodução na raça charolesa iniciado na década de 50, está separada por apenas oito quilômetros da Agropecuária Combate, onde foram mortos até agora 156 animais. Diferentemente do vizinho, que engorda o boi e vende para abate nos frigoríficos, a Sá Brito aposta em animais puros de pedigree, de alto valor genético, que valem milhares de reais. A cabanha está separada do foco por uma área de campo e pelo caudaloso Rio Ibirapuitã com sua mata ciliar, extensa em ambas as margens. Toda a região, incluindo-se a Sá Brito e a Combate, está dentro de uma área de preservação ambiental, onde existem muitas variedades de espécies florestais nativas, principalmente os anjicos. Apesar de toda essa proteção, os proprietários sentem a ameaça de corte do projeto produtivo. O proprietário, Adolfo Guerra Gomes, teme a liquidação do valioso plantel pelo rifle sanitário em caso de surgimento da febre aftosa na estância. – Se o nosso banco genético for eliminado, não teríamos condições de refazê-lo. Isso exigiria importações incompatíveis com a realidade atual – explica Gomes. Para Gomes, uma eventual indenização por animais sacrificados em uma cabanha como a Sá Brito deveria repor, em dinheiro à vista, pelo menos o valor de mercado dos animais, mais os lucros cessantes e os danos morais. Na sua avaliação, neste último prejuízo deveria ser incluído um valor capaz de restabelecer a decisão de investir, mantendo a geração de melhoramento zootécnico que a cabanha dá ao criatório da região há 50 anos.
JORGE CORREA