| 30/04/2001 11h04min
A fiscalização intensiva na fronteira do Brasil com a Argentina para impedir a disseminação da febre aftosa não deve ter alteração. Apesar da retaliação dos argentinos devido à presença do Exército brasileiro na área, a operação continua. Autoridades daquele país adotaram tolerância zero e não permitem a entrada de alimentos in natura brasileiros na Argentina. O inspetor da Receita Federal na Aduana de Dionísio Cerqueira, Arnaldo Borteze, afirmou na manhã desta segunda-feira ao clicRBS que não há o que fazer porque a determinação das autoridades argentinas é de respeito a uma lei antiga. – Trata-se de um problema interno deles. Borteze disse que na quarta-feira passada representantes da Aduana dos dois países, do Exército, Polícia e de órgãos de agricultura e pecuária estiveram reunidos para avaliar a intensificação da fiscalização na fronteira. – Não houve rejeição à presença do Exército brasileiro. É uma posição isolada – disse. Com a diferença do câmbio, era comum argentinos atravessarem a fronteira entre Bernardo de Irrigoyen e Dionísio Cerqueira, no Extremo Oeste catarinense, para fazerem suas compras de frutas, legumes e carnes, entre outros produtos. Apesar de proibida pela legislação, as autoridades faziam vistas grossas para a prática. Mas agora a fiscalização é rigorosa e nenhum produto in natura passa do Brasil para a Argentina. O chefe da unidade do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) em Bernardo de Irrigoyen, Adrian Fernando Malamud, justifica que não concordam com a presença do Exército na fronteira, com blindados e metralhadoras. Ele ressalta que os argentinos se sentiram ofendidos em terem fuzis apontados para suas casas. Para Malamud, a atitude é descabida e prejudica a relação entre os municípios de fronteira do Brasil e Argentina. O chefe regional da Serviço argentino descarta um fechamento total da Aduana a produtos brasileiros. O que está restrito é apenas produtos animais e vegetais que possam transmitir doenças e pragas, argumenta. A medida foi destacada neste sábado quando aumenta o fluxo na fronteira. Muitos argentinos tiveram que devolver as mercadorias compradas e voltarem de sacolas vazias. Ainda nesta segunda-feira, alimentos in natura não estão passando pelas autoridades da Argentina. Os comerciantes de Dionísio Cerqueira reclamam do prejuízo. O inspetor rebate que os oficiais do Exército brasileiro não apontam os fuzis em direção as casas dos argentinos. A orientação é manter as armas baixas e nenhum incidente foi registrado. Borteze explica que a iniciativa de Malamud foi provocada por uma reportagem sensacionalista na imprensa argentina que sustentava que os soldados brasileiros estavam mantendo as armas apontadas para as casas e escolas da Argentina e haviam matado alguns cachorros na fronteira.