| hmin
Ao mesmo tempo que o PT promete vir com carga total para segurar sua bancada e coibir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso do ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz, a oposição se organiza para ver a investigação instalada no Congresso o mais rápido possível.
– Eu creio que esta semana nós conseguiremos as assinaturas suficientes para a leitura e posterior instalação da CPI no Senado – previu o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) a jornalistas nesta segunda, dia 16.
Paes de Barros não informou, no entanto, quantas assinaturas já dispõe. Na sexta, dia 13, ele tinha garantida a de seis parlamentares. Para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, são necessárias 27 assinaturas dos 81 senadores da Casa.
Para o senador, é uma incoerência do PT querer evitar que os fatos sejam apurados.
– Acho que tentar evitar uma apuração é muito ruim para o PT, é renegar a própria história do partido – disse.
As denúncias contra Waldomiro Diniz foram publicadas pela revista Época, que trouxe trechos de fita gravada em que o subchefe de assuntos parlamentares da Presidência pede dinheiro a um bicheiro para si próprio e para a campanha de governadores em 2002. A fita de vídeo também foi entregue ao senador Paes de Barros, que a encaminhou ao Ministério Público.
Apesar da postura de Paes de Barros, outros tucanos, como o senador Tasso Jereissati (CE), pregam cautela. O cearense considera "prematura" a instalação de uma CPI, mas disse que vai seguir a decisão da bancada do PSDB, que deve se reunir nesta tarde. Ele defendeu "um pouco de prudência, apesar de saber que não é o que o PT faria" se estivesse na oposição.
– Quero ver se já apareceu alguma denúncia em relação à atuação do Waldomiro no governo federal. Por enquanto, não temos isso – afirmou.
Tasso se refere ao fato de que as denúncias contra Waldomiro são de 2002, anteriores portanto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), foi categórico ao afirmar que o caso Waldomiro Diniz não merece uma CPI pois não tem relação com o atual governo.
–Encaminhar (o caso) para o Ministério Público é a conclusão de uma eventual CPI. Já está encaminhado, o processo já está iniciado e a investigação vai ser feita com absoluto e completo rigor – disse Mercadante.
Na mesma linha, o presidente do PT, José Genoino, reafirmou que não vê sentido numa CPI. ``Está mais do que claro que essa CPI não tem sentido, pois não é um fato relacionado ao nosso governo.''
Genoino levantou suspeitas sobre os motivos que levaram à divulgação da denúncia agora, ano das eleições municipais. Perguntado se acredita que a oposição seria responsável pela divulgação do escândalo, ele desconversou.
– Não estou dizendo isso, apenas estou achando estranho a forma como essa denúncia apareceu – declarou.
Os outros partidos da Casa ainda não fecharam questão sobre a CPI. O PFL deve reunir sua Executiva ainda nesta semana para definir uma posição.
– A oposição tem que ter a prudência e a cautela que a gravidade do caso requer – disse o vice-líder do partido na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
Pessoalmente, o deputado defende a CPI, mas outros membros da legenda rejeitam a proposta, incluindo alguns ligados ao senador Antônio Carlos Magalhães (BA).
Já a decisão do PMDB, partido da base aliada do governo, só de deve ser tomada após a reunião da bancada do PT no Senado, que deverá acontecer nesta terça, dia 17. O PMDB não deve aderir à CPI, se o PT também fechar questão contra.
As informações são da agência Reuters.