| 10/12/2003 09h53min
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quarta, dia 10, que o Brasil “não trocará princípios por produtos”, ao referir-se à postura independente brasileira em relação a assuntos polêmicos, como a desocupação do Iraque e de territórios palestinos e a visita à Líbia, comandada pelo coronel Muamar Kadafi. Segundo o chanceler, o país não tem posição de confronto com os Estados Unidos.
– Quem não tem posição própria não é chamado para discutir nada – disse.
Questionado sobre o porquê de Lula não ter se pronunciado sobre a ditadura Líbia, que já dura 34 anos com Kadafi, Amorim destacou que o presidente brasileiro não foi à Líbia para dar lições. Disse que Lula representa a pujança de uma democracia em que um líder operário consegue se eleger e assim pode influenciar positivamente.
– Ele não veio aqui falar "solta Fulano, prende Sicrano" – completou o chanceler.
Amorim reforçou que o Brasil tem mantido conversações com vários governos – democráticos ou não.
O ministro disse que a visita à Líbia não é ideológica, mas sim de negócios. Lembrou que há possibilidades comerciais em áreas como a venda de máquinas agrícolas, construção civil e aviação. Acrescentou que o momento é importante porque as sanções econômicas à Líbia foram suspensas neste ano e, segundo ele, é bom que o Brasil esteja nas conversações desde o início.
Celso Amorim comentou que a presença de ex-estadistas no jantar com o coronel Muamar Kadafi, tais como Bem Bella, da Argélia, e Daniel Ortega, da Nicarágua, não foi responsabilidade brasileira, mas sim do governo líbio.
O chanceler afirmou também que na reunião dessa terça, dia 9, com embaixadores da Liga Árabe, na cidade do Cairo, no Egito, o presidente brasileiro criticou a postura dos Estados Unidos de atacar o Iraque e não reconhecer o erro pelo fato da aproximação de uma eleição presidencial.
As informações são da Agência Brasil.