| 21/02/2001 18h11min
O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira a suspensão da importação de animais vivos, carne com osso e material de reprodução (sêmen e embriões) da Argentina. A exceção é para carne sem osso e industrializada. A medida foi tomada para proteger o rebanho brasileiro diante das evidências de focos de febre aftosa registrados em pelos menos três províncias daquele país. As restrições serão editadas nesta quinta-feira em uma Instrução de Serviço da Secretaria de Defesa Agropecuária. O ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, afirma que a medida tem um caráter sanitário, e o impacto econômico será limitado. Desde agosto do ano passado, o Brasil havia suspendido a importação de gado vivo e material de reprodução das províncias de Entre Ríos, Corrientes e Formosa, áreas onde se concentram os focos de febre aftosa. Agora, o embargo atinge todo o país vizinho. O Brasil manterá postos de fiscalização na fronteira, onde há trânsito de animais. A suspensão não tem prazo para terminar. Pratini de Moraes disse que isso dependerá de um plano que o governo argentino encaminhará à Organização Internacional de Epizootias (OIE). A Argentina é considerada livre sem vacinação desde a década de 80, tendo investido mais US$ 1,2 bilhão para garantir esse status. Apesar de negar a existência de focos em seu território, as autoridades argentinas não conseguiram comprovar a sanidade de seu rebanho. Na terça-feira, foi anunciado um programa preventivo de vacinação do gado. O governo argentino deverá solicitar ao OIE que nas três províncias atingidas seja declarada uma zona de emergência sanitária (livre com vacinação), mantendo o status de livre de aftosa para o restante do país, onde não foram registrados casos da doença. Apesar de ser dada como certa diante das evidências de febre aftosa na Argentina, a decisão do governo brasileiro só ocorreu depois de um dia inteiro de reuniões envolvendo técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério e do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa). As garantias de sanidade dos animais apresentados pelos argentinos não convenceram o governo brasileiro, que já havia enviado técnicos à região produtora da Argentina de 29 de janeiro a 8 deste mês. Os brasileiros constataram discrepâncias entre os dados fornecidos pelo Senasa e o que verificaram nas visitas. Foi com base nas constatações dos técnicos que o governo decidiu pela suspensão das importações. No ano passado, o Brasil importou 8,5 mil toneladas de carne bovina da Argentina, o equivalente a US$ 32 milhões. Desse volume, a importação de carne com osso representa apenas US$ 1 milhão, informou o ministério.