| 26/01/2001 00h19min
A invasão da unidade da multinacional Monsanto em Não-Me-Toque abre oficialmente as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2001. O anúncio é do líder maior do MST no país, João Pedro Stédile, que participa em Porto Alegre do Fórum Social Mundial. Na noite desta quinta-feira, enquanto orientava o rumo de três camponeses equatorianos, perdidos nas proximidades do anfiteatro Pôr-do-Sol em meio à multidão do evento, Stédile explicava o episódio desencadeado no Noroeste gaúcho: – Vamos ficar lá até o governo atender à exigência de análise das sementes para sabermos se são ou não transgênicas. O líder adianta também que a ação anti-transgêncios será um dos principais focos do movimento em 2001. Os colonos estão levando ao pé da letra a proibição de cultivo comercial das sementes modificadas. – Podemos nos comprometer a sempre que encontrarmos lavouras proibidas fazermos ações para destruí-las – previne. A inspiração dos colonos é tirada, por exemplo, dos indianos que já incendiaram estoques de sementes da Monsanto para espantar a empresa do seu território. Stédile usa como trunfo informações da Imprensa européia. Jornalistas teriam noticiado que 30% da soja produzida pela Monsanto no Brasil e exportada para lá tem genética modificada. Exames feitos antes de o grão virar ração para animais teriam comprovado a composição. O protesto em Não-Me-Toque serve para atrair a atenção do país, admite o líder do MST, que nega novas invasões de unidades de fabricantes de sementes.
PATRÍCIA COMUNELLO