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Os presidentes do Brasil e da África do Sul juntaram forças neste domingo, dia 13, em ataque contra os subsídios agrícolas concedidos pelas nações ricas e desafiaram os países desenvolvidos a arcarem com o preço caso queiram realmente reduzir a pobreza no mundo.
– Nós precisamos criar uma força para que a União Européia acabe com os subsídios (agrícolas) – disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na capital inglesa, onde participou da Conferência da Governança Progressista, novo nome do movimento da Terceira Via.
O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, disse que as negociações em Cancun, no México, em setembro, no âmbito da Organização Mundial de Comércio, podem fracassar se os Estados Unidos e a Europa não avançarem para acabar com os subsídios agrícolas antes do início da nova rodada comercial.
– Se o trabalho não for feito até setembro, se a gente apenas se encontrar em Cancun, não haverá solução para isso – disse ele, que dividiu a plataforma com o presidente brasileiro e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
Lula, que citou nominalmente a França como um país que subsidia fortemente, disse que por trás desta prática, que reduz os ganhos dos produtores africanos e brasileiros, está a política.
– Não é uma questão econômica... é um problema eminentemente político – disse o presidente brasileiro, que se encontra em viagem pela Europa. Lula já visitou Portugal e depois da Inglaterra, irá para a Espanha.
O primeiro-ministro Blair, sentado entre os presidentes Lula e Mbeki, defendeu seus esforços para mudar a política de subsídio da União Européia.
A Grã-Bretanha tem frequentemente confrontado a França sobre a política agrícola da UE. Os franceses estão entre os mais beneficiados pela Política Agrícola Comum da União Européia e têm resistido à mudança.
Lula disse que gostaria que fosse criado um fundo multilateral dos países ricos para investimento em infra-estrutura nos países menos favorecidos.
Precisamos criar instituições multilaterais que possam fazer os países se desenvolverem – disse.
Para Lula, os países precisam abrir suas fronteiras não só para o comércio, mas também para o trânsito de pessoas. O presidente brasileiro, que falou muito e foi bastante aplaudido, disse que um dos desafios de seu governo é tentar reconstruir a unidade na América do Sul e com a África do Sul.
Ele também pediu uma maior participação dos Estados Unidos nos encontros internacionais, e sugeriu que o presidente George W. Bush seja convidado para o próximo debate da Conferência da Governança Progressista, para discutir uma ajuda maior aos países pobres.
– Eu acho que nós precisamos nos habituar a envolver os Estados Unidos nos debates. É verdade que eles são duros na negociação, mas nós também devemos ser duros. Eles pensam primeiro neles, segundo neles e terceiro neles – afirmou o presidente, de acordo com a agência Brasil.
Sentado ao lado de Blair, que apoiou o presidente George W. Bush na guerra do Iraque, o presidente brasileiro criticou mais uma vez a ação militar no país do Golfo.