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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve registrar em junho a primeira queda em mais de quatro anos e meio, em razão do recuo dos custos de alimentos e combustíveis.
A média das previsões de 10 analistas consultados pela Reuters esta semana aponta para uma leve deflação de 0,05% em junho, com os prognósticos variando entre queda do índice de 0,15% e alta de 0,05%. A mediana das expectativas mostrou uma deflação de 0,05%.
Se confirmada a estimativa, será a primeira deflação apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) desde novembro de 1998, quando foi registrado queda de 0,12%.
Em maio, o IPCA – referência do sistema de metas de inflação – subiu 0,61%, acumulando no ano alta de 6,8%. A meta para este ano é de 8,5%.
– O item alimentos está mostrando queda de preços de vários produtos. Do lado de (preços) administrados, temos o alívio de combustíveis – disse Eduardo Berger, economista-chefe do Lloyds Bank.
A redução dos preços de combustíveis foi autorizada pelo governo no final de abril, mas o efeito foi sentido nos postos de gasolina em maio e junho, disse Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Schahin.
Para Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management, a política monetária apertada praticada em todo o primeiro semestre fará com que a taxa continue sob controle no restante do ano, embora não deva ser registrado novamente deflação.
– A inflação mensal, depois que passar o calombo de julho e agosto por conta das tarifas (de serviços públicos), vai estar convergindo para um patamar de 0,4% por mês entre setembro e dezembro – disse ele.
Em julho e agosto os índice de preços costumam acelerar em razão de reajustes de tarifas, como energia elétrica, água e esgoto e telefonia, que são captados nesses meses.
O IBGE divulga o IPCA de junho nesta quarta, dia 9, às 9h30min.
Muitos analistas revisaram para baixo suas previsões para o IPCA sobretudo após a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgar deflação de 0,16% ao consumidor em São Paulo em junho – a primeira desde novembro de 2000.
Os índices de preços no atacado, contudo, já vinham registrando queda desde maio, refletindo a política monetária apertada e a apreciação cambial.
Os juros foram elevados de outubro do ano passado até fevereiro deste ano em 8,5 pontos percentuais, para segurar o efeito nos preços da desvalorização do real ocorrida no segundo semestre do ano passado.Depois de atingir 2,25% em janeiro, a inflação começou a desacelerar.
Em junho, o governo reduziu pela primeira vez em um ano ataxa de juros em meio ponto percentual, para 26%, numa sinalização de que está mais confiante no controle dos preços.