| 24/06/2003 13h25min
Durante o lançamento do Plano Safra para Agricultura Familiar 2003/2004, nesta terça, dia 24, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que os R$ 5,4 bilhões a serem destinados ao setor a partir do próximo dia 15 não serão suficientes para atender a todas demandas. Entretanto, segundo o petista, o projeto, que passará a balizar as ações do governo, é o melhor já apresentado no país:
– Sei que é pouco diante das necessidades, mas é muito diante da realidade do país que nós herdamos.
Lula apresentou um novo conceito de Agricultura Familiar na solenidade realizada no Palácio do Planalto. De acordo com o petista, a atividade deixou de se voltar à fixação do trabalhador no campo para valorizar a multifuncionalidade da terra. O novo modelo parte da ocupação soberana e planejada das áreas em todo o território brasileiro, passa pela manutenção do agricultor no local até chegar à melhoria da qualidade da produção e à geração de trabalho. Dessa forma, conforme o presidente, evita-se o êxodo e se criam condições de emprego no campo.
O petista aproveitou para rebater críticas, declarando que "as coisas não acontecem no tempo em que a gente quer, mas no tempo em que as preparamos para acontecer". Lula garantiu que o plano anunciado instantes antes de tomar a palavra pelo ministro da Reforma Agrária e Agricultura, Miguel Rossetto, é resultado de uma ampla disussão com especialistas. O projeto deverá dar sustentação às próximas ações do governo federal destinadas à Agricultura.
O presidente reconheceu a necessidade de se realizar a Reforma Agrária e a definiu como um "compromisso político e ético do governo". Tornar os assentamentos do país é objetivo do Executivo federal, segundo o petista.
Lula destacou a inclusão a valorização do trabalho da mulher no campo como um dos pontos máximos do Plano Safra. Elas, assim, e segundo o presidente, deixarão de depender dos projetos do companheiro e terão conquistada a própria cidadania, criando projetos e produzindo.
O crédito para o jovem do campo foi outro ponto enfatizado por Lula. O incentivo financeiro tendo esse alvo evitaria que o produtor deixe sua origem e facilitaria o emprego da mão-de-obra sem que a formação educacional se visse prejudicada.
O pacote apresentado nesta terça reserva ao produtor um total de R$ 5,4 bilhões para financiar a safra 2003/2004, dos quais R$ 2,8 bilhões para custeio e R$ 2,6 bilhões para investimento. Em todo o Brasil, existem 4,1 milhões de agricultores familiares, e a idéia do governo é que, pelo menos, 1,4 milhão de contratos sejam fechados, acima dos 970 mil de 2002.
Preocupado com o emprego dos recursos, Lula lançou:
– Telefonem (para o 0800 78 70 00 – serviço de atendimento do Pronaf), briguem, reclamem. Não queremos ver sobrar um centavo do dinheiro anunciado para a Agricultura Familiar (...) Nós vamos fazer nesse país tudo que tiver de ser feito para melhora a vida da população – finalizou.