Verão | 24/02/2011 10h16min
Liara e Elcion Missau compram abacaxi com frequência quando estão em Xangri-lá, no Litoral Norte. Escolhem um dos caminhões onde a fruta é vendida, negociam o preço e selecionam os abacaxis que vão levar para a casa. O que eles não sabem é que o vendedor - muitas vezes extrovertido e à vontade na função - é também o agricultor que plantou as mudas 17 meses antes de serem colocadas em exposição no veículo.
Nos últimos anos, os produtores de abacaxi de Terra de Areia, município do Litoral Norte, deixaram de se preocupar apenas com o que acontece na lavoura e passaram a desempenhar múltiplas tarefas para garantir uma renda um pouco maior. Agedy Espindula de Matos conta que escoa sua produção anual de mais de 40 mil abacaxis em feiras e no caminhão. Uma parte ainda é negociada por vendedores, mas essa fatia é cada vez menor. Isso porque os negociantes que buscam o produto na lavoura pagam entre R$ 0,80 e R$ 1,00 por fruto, enquanto que o valor na feira ou no caminhão chega a R$ 2,50.
Também produtor de abacaxi em Terra de Areia, Maquis Neubert Pereira conta que, enquanto ele comanda o caminhão em Capão da Canoa, seu pai está à frente de outro veículo em Capão Novo. Para ele, o investimento em alvará, combustível e na compra do caminhão é compensado pelo lucro.
Segundo José Carlos dos Santos Maiato, técnico agrícola do escritório da Emater de Terra de Areia, o município tem 69 produtores rurais familiares, responsáveis pelo cultivo de 326 hectares. Na safra 2010/2011, a produção deve ser de 3 milhões de frutos, abaixo dos 3,8 milhões de abacaxis de 2009/2010. A redução resultou do inverno rigoroso.