Praias | 03/02/2011 12h06min
Praia sem milho verde, não é praia. Que diga a quiosqueira de Capão da Canoa, Marlene de Oliveira Rolim. Em um dia do fim de semana, ela vende mais de cem espigas. Segundo ela, o milho ainda é um dos produtos mais vendidos na orla.
O preço varia entre entre R$ 2 e R$ 2,50. Pode ser simples, só com sal, ou mais elaborado com mantega. Ainda tem quem exagera e come até com katchup.
Mas alguém já parou para pensar de que lugar vem esse petisco tão apreciado na praia? No Litoral Norte, a maior parte da produção vem da própria região: do município de Maquiné.
O secretário de Agricultura Alan Edison Rodrigues conta que o milharal do município ocupa 150 hectares. Está entre os carros chefe da produção rural de Maquiné. A produtividade chega a 18 mil espigas por hectare. O maior mercado consumidor são de fato as cidades de praia.
– Isto para nós é muito bom. O produtor tira nota e reverte em recursos para o município – acrescenta o secretário.
Nasareno Dalsotto, de 50 anos, é um dos produtores de Maquiné. Produz milho "desde que se conhece por gente".
– Sou agricutor de pé rachado (criado na lavoura). Já nasci com a espiga na mão – brinca.
Todos os dias, ele chega sempre muito cedo em Capão da Canoa. Com a ajuda de um irmão e mais dois funcionários, vai entregando milhos nos quiosques. Durante a semana, são cerca de duas mil espigas. No fim de semana, passa de três mil. Na sua lista de clientes, estão mais de 30 quiosqueiros. Cada espiga uma custa R$ 0,80.
– Sei que no quiosque custa mais caro. Mas tá certo. Eles tem que tirar o deles. Afinal, dão uma incrementada.
Na sua propriedade conta ainda com mais dois funcionários para a colheita. Vende praticamente tudo para os quiosques do Litoral. O que sobra e seca na lavoura, debulha e vende para criadores da Serra. Eles usam esse milho para alimentar os animais.
Como aproveita o milho verde e o passado, Dalsotto diz que não tem do que reclamar. Segue sempre sorrindo, preparando o milho para a entrega na carroceria de seu caminhão.
O agricultor nem se preocupa com o futuro. Tem um filho que vive em Porto Alegre e é topógrafo. Foi morar na capital com uma tia quando ainda era adolescente. Questionado sobre quem cuidará da propriedade futuramente, ele balança os ombros e responde:
– O guri (filho) vai tocar. Ele vai saber o que fazer quando chegar a hora.
Nasareno Dalsotto, de 50 anos, é um dos produtores de milho de Maquiné
Foto:
João Vitor Santos
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