| 07/07/2010 14h01min
O depoimento prestado por um adolescente de 17 anos na terça-feira transformou o goleiro do Flamengo, Bruno, em um dos principais suspeitos da morte de Eliza Samudio. A prisão temporária do atleta foi pedida à Justiça à noite e decretada no início da manhã.
Após horas de busca, o atleta do Flamengo se entregou à Polícia no final da tarde de quarta-feira. Segundo Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios do Rio, o atleta, seu amigo, Macarrão, e o menor apreendido na noite de terça-feira serão indiciados por sequestro e homicídio. Bruno seria o mandante. Macarrão e o menor os responsáveis por executar os crimes.
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Cerco ao jogador
Policiais tentaram capturar o jogador em sua residência, na zona oeste do Rio de Janeiro, mas não o encontraram. Segundo informações de moradores do condomínio, ele teria saído de casa durante a madrugada.
O goleiro teve a condição de foragido divulgada pelo chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil em Minas Gerais, delegado Edson Moreira. O policial justificou que a detenção do jogador, acusado de envolvimento no desaparecimento da ex-amante Eliza Samudio, é necessária para "evitar que provas desapareçam".
— As pessoas chegam ao ponto de aliciar um menor para dar uma versão com uma mecânica incompatível e assumir a autoria do crime. O que me estranha é que, justamente quando faço contato com os advogados para intimar o Bruno, esse menor aparece — explicou.
Irritado, o policial disse estranhar que o pedido de prisão temporária do atleta tenha sido divulgado pela imprensa:
— Em 30 anos de polícia, é a primeira vez que vejo isso. Por enquanto, o Bruno está foragido — finalizou.
Detidos
Sete pessoas tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Além de Bruno e Macarrão, os detidos são: Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, mulher de Bruno, Wemerson Marques, conhecido como "Coxinha", Elenilson Vítor da Silva, administrador do sítio do jogador, Cleiton Gonçalves Silva, motorista do atleta, e Flávio Caetano de Araújo. O adolescente que confessou ter agredido Eliza foi apreendido.
Reveja a cronologia do caso:
25 de junho:
— O filho de quatro meses que Eliza alegava ser de Bruno foi encontrado na casa de uma amiga de Dayanne Souza, mulher do goleiro, em Contagem (MG)
27 de junho:
— Após o recebimento de uma denúncia anônima, a Polícia Civil de Minas Gerais e o Corpo de Bombeiros fizeram buscas ao redor do sítio do goleiro Bruno. O caseiro impediu a entrada da equipe na propriedade. Em entrevista ao Fantástico, a delegada responsável pelo caso disse que Bruno era considerado suspeito de envolvimento no desaparecimento.
28 de junho:
— A Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá confirma que, em outubro do ano passado, Eliza prestou queixa contra o goleiro por sequestro, ameaça e agressão. Ela afirmou que teria sido obrigada por Bruno e mais dois amigos dele a ingerir remédios abortivos.
— Bruno foi afastado das atividades do Flamengo. O afastamento do atleta foi anunciado pela presidente do clube, Patrícia Amorim. Ela afirmou que, após o julgamento da Justiça, o Flamengo tomaria as medidas cabíveis.
— A Justiça de Minas Gerais autorizou as buscas, permitindo que a Polícia entrasse no sítio do goleiro. À noite o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais divulgou nota informando que nenhum corpo foi encontrado nas buscas realizadas em duas cisternas no sítio. Apenas objetos que indicam a presença de mulheres e de criança dentro da casa no sítio foram encontrados.
29 de junho:
— A Polícia Civil confirma que encontrou vestígios de sangue no carro e no sítio do goleiro Bruno e em objetos encontrados na casa. O carro foi apreendido por conta do licenciamento vencido. De acordo com o delegado, vários objetos, incluindo peças femininas, estavam no interior do carro.
— O amigo do goleiro Bruno, Cleiton da Silva Gonçalves, de 22 anos, que teria sido visto dirigindo o carro do atleta, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Contagem (MG).
— O pai de Eliza, Luiz Samudio, revela que a jovem teria contado que foi convidada pelo jogador a ir a Minas Gerais, após receber a promessa de que ele assumiria a criança. Samudio desembarcou com o neto em Foz do Iguaçu.
— A direção do Flamengo teve que cobrir ofensas contra o goleiro escritas no muro do clube.
30 de junho:
— A família de Eliza decidiu oferecer recompensa a quem auxiliar a polícia com informações que a ajudem localizá-la. A informação exclusiva, obtida por Zero Hora, partiu do advogado da família de Eliza, Jader Marques.
— Delegado responsável pelo caso anuncia quebra do sigilo telefônico do goleiro e de outros envolvidos no desaparecimento. Posteriormente, o sigilo telefônico de Eliza é quebrado.
— O caseiro do condomínio onde fica o sítio do goleiro Bruno em Minas Gerais prestou depoimento na Delegacia Central de Belo Horizonte. Elenilson Vitor da Silva, de 26 anos, informou que houve um furto ao sítio do jogador na noite anterior.
1º de julho:
— Bruno afirmou que Eliza deixou o filho de quatro meses com o amigo do atleta, conhecido como Macarrão, para resolver questões pessoais. Bruno disse aos jornalistas que estava muito chateado e que queria que Eliza aparecesse logo.
— A Polícia Civil confirma que o teste toxicológico na urina de Eliza detectou um grupamento de substâncias consideradas abortivas. A Polícia Civil encaminhou o material para o laboratório da UFRJ, a fim de confirmar 100% a análise e excluir qualquer outra possibilidade. Na foto, o delegado responsável pelo caso, Edson Moreira.
2 de julho:
— Uma amiga de Eliza disse que a jovem estava bem e feliz na ocasião em que mantiveram contato pela última vez. Eliza teria dito que estava em Minas Gerais. Depois da ligação, realizada entre 7 e 9 de junho, a jovem não foi mais localizada.
4 de julho:
— Uma reportagem mostrada pelo programa Fantástico informou que testemunhas ouvidas pela polícia afirmam ter visto o goleiro Bruno com Eliza Samudio e o filho dela no sítio do jogador em Minas Gerais no começo de junho, dias antes de a modelo desaparecer.
5 de julho:
— Polícia anuncia que um dos próximos passos da investigação é a análise dos computadores pessoais e as últimas mensagens eletrônicas trocadas entre a jovem e familiares. Foi confirmado também que um par de sandálias pretas e óculos escuros que estavam no veículo foram reconhecidos como pertencentes à jovem por uma testemunha. Peças de roupas apreendidas também já teriam sido reconhecidas como de Eliza, segundo a polícia.
— Policiais e equipes do Corpo de Bombeiros iniciaram as buscas pelo corpo de Eliza na Lagoa Suja, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os policiais vasculharam o local após uma denúncia anônima, que dizia que o corpo da jovem teria sido jogado no local amarrado a pedras e estaria no fundo da lagoa. As buscas continuaram no dia seguinte.
6 de julho
— Um homem informa à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, que um adolescente de 17 anos sabia do caso e que a jovem havia sido morta e desossada. A polícia encontrou o jovem na casa de Bruno. Em depoimento, ele confessou ter participado do sequestro de Eliza e disse ter dado uma coronhada na cabeça dela. Ele confirmou a morte da jovem. A versão é contraditória a outros depoimentos, como o da amiga de Eliza que disse ter falado com ela quando a jovem estava em Minas Gerais.
— O amigo do jovem afirmou que o corpo de Eliza foi entregue a um traficante para que ele se livrasse do corpo. O adolescente saiu da delegacia depois de sete horas de depoimento, coberto por um casaco.
7 de julho
— Durante a madrugada, um promotor carioca pede a prisão temporária do jogador, acusado de ser o responsável pelo desaparecimento de Eliza.
— A Polícia se antecipa à decisão da Justiça e agentes entram no condomínio onde mora o jogador, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, no aguardo do decreto de prisão.
— A mulher do goleiro é presa em Minas Gerais. Além dela, outras cinco pessoas são detidas.
— A Justiça decreta a prisão temporária do goleiro, que não é encontrado em casa.
— Bruno é declarado foragido pela Polícia Civil. São realizadas buscas em uma casa onde estaria o corpo de Eliza.
— Bruno e Macarrão se entregam à polícia e são denunciados pelo Ministério Público do Rio pelo sequestro de Eliza em 2009.
— Uma reportagem do Jornal Nacional destacou na noite desta quarta-feira o que teria acontecido com Eliza Samudio. Bruno pediu que amigos "resolvessem problema" com Eliza, diz adolescente.
8 de julho
— O advogado do goleiro Bruno, Michel Assef Filho, deixa o caso alegando incompatibilidade com a função que exerce no departamento Jurídico do Flamengo.
— Bruno e o amigo Macarrão passam a noite em uma cela improvisada na divisão de Homicídios do Rio de Janeiro.
— Delegado Edson Moreira afirma que jogador é um monstro, detalha a execução de Eliza e garante que ex-policial matou a vítima.
— Jogador e amigo são levados ao presídio Bangu II enquanto aguardam transferência para Minas Gerais.
9 de julho
— A polícia retomou as buscas a Eliza, mas não encontraram nada no sítio na região metropolitana de Belo Horizonte.
— Os últimos três foragidos foram encontrados e presos: Flávio Caetano de Araújo, suspeito de ter levado o filho de Eliza para o sítio de Bruno, Wemerson Marques, o Coxinha, amigo de Bruno que teria ajudado Dayanne Souza a esconder o bebê de Eliza, e Elenilson Vitor da Silva, administrador do sítio de Bruno.
— A Polícia de Minas também divulgou imagens de Bruno, Bola e Macarrão (foto abaixo) com números de registro na Secretaria de Administração Penitenciária.
10 de julho
— Após prestarem depoimentos, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques e Elenilson Vitor da Silva foram transferidos para presídio em MG.
— Advogado de Bruno diz que começará investigação paralela sobre o caso. Ércio Quaresma afirmou que contratará médicos legistas e peritos para emitir pareceres sobre os laudos e documentos do caso.
— A polícia mineira divulga informação de que o local em que peritos buscam por Eliza Samudio seria uma área de execuções.
11 de julho
— A polícia divulga fotos de uma tatuagem de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. É uma homenagem ao ex-goleiro do Flamengo gravada nas costas. A tatuagem é uma inscrição com os dizeres "Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro".
— A polícia mineira declara que o caso está praticamente resolvido.
12 de julho
Goleiro Bruno tem mal-estar e quase desmaia na prisão. O jogador sentiu dor de cabeça e tontura e quase desmaiou. Os advogados aconselham suspeitos do sequestro de Eliza a não falarem em depoimento. O adolescente que originou uma reviravolta no caso presta outro depoimento, e complica ainda mais goleiro Bruno.
13 de julho
Polícia leva primo de Bruno do Rio para MG. O adolescente de 17 anos deixou o Centro de Triagem no Rio de Janeiro e seguiu escoltado por policiais para Minas Gerais (MG). A Justiça mineira determina internação de adolescente.
14 de julho
Na busca por vestígios dos restos mortais de Eliza Samudio, a Polícia Civil mineira requisitou os trabalhos de um veterinário. Eles estudam como farão a perícia nos cães. O adolescente, primo de Bruno, é o primeiro denunciado por envolvimento no desaparecimento de Eliza. No sítio do goleiro, a polícia encontra vestígios que podem esclarecer desaparecimento de Eliza no sítio de Bruno. São paredes ocas e um cheiro forte na casa de Bola. No final da tarde, Bruno e outros três envolvidos no desaparecimento de Eliza têm sigilo telefônico quebrado.
15 de julho
Um pedido de habeas corpus no nome do goleiro Bruno Fernandes foi registrado no site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no município de Contagem. É autorizada quebra de sigilo telefônico de envolvidos no caso Bruno. O inquérito aponta que o goleiro foi a MG no dia em que Eliza teria sido morta.
16 de julho
"O Estado vai pagar os danos ao Bruno", diz advogado. Foram remarcados os depoimentos das supostas amante e noiva do goleiro Bruno, Fernanda Gomes Castro e Ingrid Oliveira, respectivamente. Em coletiva, a delegada responsável pelo caso afirma que adolescente mentiu sobre cor de pele de executor de Eliza.
18 de julho
Uma gravação feita durante uma conversa informal em um voo de transferência do Rio para Minas Gerais revela a versão do goleiro Bruno para o sumiço da ex-amante Eliza Samudio. Ele põe a culpa no amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, pelo desaparecimento. O vídeo, que não tem valor legal, foi gravado antes de o atleta receber a orientação de se silenciar sobre o episódio.
— Não sei o que deu na cabeça dele (Macarrão). Hoje, diante de todos os fatos que existem, é difícil acreditar nele. Estou chocado.
19 de julho
Adolescente, primo de Bruno, afirmou ter participado do desaparecimento de Eliza. Ele contou que a moça teria morrido em decorrência de uma coronhada
Foto:
zerohora.com