| 30/06/2010 06h46min
Comentaristas esportivos e ex-jogadores de futebol holandeses acham que muita coisa tem de mudar na seleção Oranje (laranja), mas, mesmo assim, apostam em um bom resultado contra o Brasil nesta sexta-feira, em Port Elizabeth, pelas quartas de final. O otimismo não é motivado apenas por paixão e patriotismo — conforme eles, o Brasil joga muito aberto, e todos esperam que a Holanda tire proveito disso.
— A Holanda é o camaleão do futebol internacional — definiu o comentarista Jack van Gelder em um dos programas mais populares de debates sobre a Copa.
Segundo ele, contra um oponente melhor, a seleção holandesa também joga melhor. Uma opinião que é compartilhada por muita gente. Craque holandês da Copa de 1990, Ruud Gullit, em uma entrevista ao também ex-jogador da seleção Pierre van Hooijdonk, disse que ficou feliz com a vitória contra a Eslováquia, na segunda-feira, mas preocupado com as chances dadas pela Holanda no meio-campo.
— Fico um pouco apreensivo pelo que vi do Brasil. Mas, contra um adversário melhor, talvez a Holanda jogue melhor — ponderou Gullit.
Outro que também acredita na “teoria do camaleão” é o ex-jogador Ronald de Boer.
— Espero que, jogando contra um time melhor, como o Brasil, os jogadores tenham mais espaço e que assim também joguem melhor — afirmou ele.
Para De Boer, se todos os jogadores estiverem na melhor forma, a Holanda pode vencer o Brasil, desde que não deixe “a casa aberta”, como o Chile.
— Nisso a Holanda precisa tomar cuidado. Tem que jogar com velocidade — comentou, em uma entrevista para um canal online, destacando a importância de jogadores como Eljero Elia e Arjen Robben, que fazem a diferença quando estão em campo.
— Acho que, se queremos mesmo ser campeões e vencer esta Seleção Brasileira, temos de jogar com estes meninos — aconselhou De Boer, explicando que gostaria de ver os dois juntos em campo.
No site do maior jornal da Holanda, o De Telegraaf, Elia declarou que espera poder entrar em campo na sexta-feira.
— Para mim é um sonho jogar contra Maicon. Acho que ele é o melhor lateral-direito do mundo. Estou curioso para saber se posso pegá-lo com meus “truques” — disse o ponta-esquerda da seleção holandesa.
Desde o gol no primeiro jogo do Brasil na Copa, contra a Coreia do Norte, o lateral tem sido o jogador brasileiro mais comentado na Holanda.
Após reclamação, o mal-estar
Flagrada por uma emissora de TV, uma reclamação do atacante Robin van Persie ao técnico Bert van Marwijk abriu um princípio de crise na seleção da Holanda, o próximo adversário do Brasil. Com base na leitura labial, o canal NOS revelou que Van Persie não gostou de ser substituído no final do jogo contra a Eslováquia, na segunda-feira.
— Não era eu que tinha de ser substituído, mas sim o Sneijder — teria dito ele, conforme a emissora, ao se aproximar do banco e olhar para o treinador com cara de poucos amigos.
Ontem, Van Persie não negou o comentário, mas disse que não fez referência a Sneijder.
— Não disse nenhum nome em particular. Fiquei chateado porque acho que eu poderia ter aproveitado os espaços deixados pelos eslovacos nos últimos minutos.
Van Marwijk conversou com os dois jogadores no voo entre Durban e Joanesburgo e pediu que o incidente não se transformasse em um problema e atrapalhasse a concentração para o jogo contra o Brasil. Também convocou uma reunião geral do grupo para discutir o assunto. Van Persie ressaltou que sua decepção não vai mudar o bom ambiente na seleção:
— Não disse nada de ruim, nada que pudesse causar danos.
Técnico vê um “enorme desafio”
Para o técnico holandês, Bert van Marwijk, o jogo contra o Brasil, na sexta-feira, é “um desafio enorme”.
— Pela primeira vez desde o início da Copa, nós não seremos os favoritos. O Brasil tem um bloco defensivo impressionante de seis jogadores, enquanto há quatro jogadores ofensivos sempre prontos para fazer a diferença. É sólido e desconcertante — declarou.