| 27/06/2010 10h13min
Aos 37 anos, Pato Abbondanzieri recuperou a camisa 1 no Inter. Ao menos nos primeiros treinos com Celso Roth, enquanto a janela de transferências não é antecipada, e Renan segue impedido de jogar. Mas o goleiro de 339 jogos e 14 títulos pelo Boca Juniors, entre eles três Libertadores e dois mundiais no Japão, confia na sua experiência de multicampeão. Na quinta-feira, após o coletivo, Pato conversou com ZH. O argentino disse que não concordou com a sua saída da equipe no Brasileirão. Confira a agenda do Inter:
Zero Hora – Quais as chances do Inter na Libertadores?
Pato Abbondanzieri – Passamos por jogos muito difíceis contra Banfield e Estudiantes. Times argentinos sempre são complicados. E o Inter fez algo muito importante: passou pelos dois sem sofrer gols em casa. Isso é fundamental. Sobraram os quatro melhores. É difícil saber o que acontecerá contra o São Paulo. Temos 50% de chances, mas acredito muito na equipe por termos passado por dois times fortes da Argentina.
ZH – É possível comparar esta Libertadores com alguma outra?
Pato – O Boca jogava de outra maneira. O Inter tem muitos jogadores que jogam bem com a bola. O Boca era mais prático, tinha um jogo mais simples. O Boca sempre foi um time muito difícil de ser batido na Libertadores. Vejo o Inter assim também.
ZH – Você teve dificuldade de adaptação ao jogo do Brasil?
Pato – Gosto do futebol brasileiro, entendo que posso tentar jogar com mais calma e me adaptar. A minha adaptação à Espanha não foi difícil. Logo no primeiro ano ganhei o Zamora (na temporada 2006/2007, troféu de menos vazado). Aqui também não foi complicado, mas tem a forma de jogar no Brasil, e parece que o goleiro não pode sair tanto. Se o treinador fala “Abbondanzieri, fica aqui”, tudo bem, eu fico, mas gosto de jogar e ficar atento ao jogo. Não posso mudar. Não estava de acordo em sair do time neste momento (foi sacado do time depois da derrota para o Vasco no Brasileirão), mas sou muito respeitoso.
ZH – Mas, após o recesso da Copa, você espera voltar ao time?
Pato – Isso depende do treinador. Se não posso jogar tenho que estar com o time. Não posso ficar com cara de quem está chateado o todo o tempo. Tenho que seguir trabalhando, todos os jogadores são importantes, não só o Abbondanzieri.
ZH – O Inter queria sua grife quando te contratou.
Pato – Claro. Se o Inter contrata um goleiro assim é preciso ver como é o goleiro, como ele está jogando. É mais fácil o goleiro acostumar-se ao time, afinal, é um só.
ZH – Mas você mudou as suas características no Inter?
Pato – Não mudei muito. Disse que não estava de acordo com a minha saída. Não entendo muito, mas dizem que eu estava saindo muito (do gol).
ZH – Como você recebeu a contratação do Renan?
Pato – Pode vir. Não sei como o Inter decidiu trazer um goleiro, pois nem se sabia o que aconteceria ao Lauro (suspenso por três jogos na Libertadores). Renan vem para trabalhar, para somar.
ZH – O que mudou com a chegada de Celso Roth?
Pato – Há coisas a melhorar. O novo treinador começa a ver o que estava acontecendo com o time. Se o treinador quer trabalhar 10 horas por dia, então vamos trabalhar. Temos que ganhar a Libertadores de qualquer maneira.
ZH – Para os estrangeiros foi ruim perder Jorge Fossati?
Pato – Fossati falou comigo para ver se eu podia ajudar o Inter. Fiquei muito contente. Ainda assim, para mim não muda nada. Qualquer treinador quando sai é porque algo os jogadores fizeram mal. Os responsáveis são os jogadores. Sou grato a Fossati e ao Inter por jogar mais uma Libertadores.
ZH – Como ficou a sua relação com Desábato (o zagueiro do Esque o agrediu)?
Pato – Ele falou comigo 48 horas depois do jogo. Disse que estava arrependido Acreditei nele. Para mim, acabou.
ZH – Você está adaptado a Porto Alegre?
Pato – Sou muito de ficar com a família. Vivo no mesmo prédio de Guiñazu, com minha esposa, Evangelina, e meus filhos, Ernesto, de 14 anos, e Felipe, de nove. Ainda tenho uma filha de 18 anos, que vive e estuda em Buenos Aires. Não saio muito, vou ao cinema com os meninos, ao shopping. Gosto muito de Porto Alegre, é parecida com Rosario, onde morei. Não tem aquela loucura de Buenos Aires. Gosto disso. E é perto da Argentina. Sou agradecido ao Inter por ter sido contratado. Foi um presente jogar no futebol brasileiro. Uma vez em Porto Alegre, é mais fácil conhecer outras partes do Brasil, como Florianópolis.