| 09/06/2010 04h51min
Lesionado na clavícula, o ponta Nani assistiu do banco à vitória de Portugal sobre Moçambique — 3 a 0, gols de Hugo Almeida (2) e Danny. Fará companhia a Ferdinand e Ballack entre os cortados da Copa. Reacendeu, também, a polêmica sobre o número de contundidos às vésperas do Mundial: seria consequência de uma temporada exaustiva ao extremo?
Respondem preparadores físicos da dupla Gre-Nal e quem joga na Europa, continente onde atua a maioria dos jogadores que estão no Mundial. Para o meia-atacante Carlos Eduardo, suplente na convocação de Dunga e desde 2007 no Hoffenheim, da Alemanha, há deficiências no condicionamento praticado no Velho Mundo. Prova disso, paga do próprio bolso um fisicultor brasileiro que o visita de três em três meses e dá trabalhos específicos de força e tração. O Hoffenheim autoriza tudo.
— Lá, na Alemanha, é só correr e correr. No Brasil, o trabalho é mais específico em cima do que o jogador precisa — contou Carlos Eduardo, ontem, em meio às férias em Porto Alegre.
Nascido em Ajuricaba, no noroeste do Estado, ele voltou para o Brasil em 12 de maio. Era o encerramento do calendário europeu, poucos dias antes do início do período de preparação das seleções. Enquanto descansou, os convocados tiveram de se apresentar para treinos, e aí reside o problema.
Não houve período de transição, como aponta o coordenador de preparação física do Inter, Elio Carravetta. Abriu-se, então, um caminho perigoso para as lesões. Cujas causas principais seriam duas, avaliou o preparador do Grêmio, Anderson Paixão:
1 – Desgaste da temporada;
2 – Falta de manutenção do condicionamento.
O item dois é o mais complexo. Anderson explica que há quem termine a temporada europeia mais cedo e, por isso, fique inativo antes da preparação para o Mundial. Aconteceu com Gilberto Silva, e ele pediu um treino específico para Paulo Paixão, o responsável pelo físico na Seleção. Quase um programa de férias antes dos treinos em Curitiba e na África.
Carravetta lembra que os aspectos a considerar vão além de cansaço e treinamento. Um movimento brusco ou fora de lugar, afirma, pode causar lesão. Assim como uma dividida mais forte, casos do alemão Ballack e de Drogba, presença incerta pela Costa do Marfim. Os clubes também têm sua parcela de culpa.
— A prioridade é o resultado, não a seleção — analisa Carravetta, que vê cuidados maiores na vida particular e nos períodos de recuperação como fatores de ajuda.
Pior, porém, é a realidade imposta pela Copa. Todos chegam desgastados – exceções feitas a quem está em meio de temporada, como os jogadores de clubes brasileiros – e têm de enfrentar situações extremas. Ninguém tira o pé, e o esforço extra pode terminar em contusão. Se o Mundial fosse em dezembro ou janeiro, compara Anderson Paixão, estes problemas diminuiriam.
Mas esta já é uma questão de negócios, uma questão vital para a Fifa. Ao comentar o excesso de lesões, o ex-goleiro paraguaio Chilavert ressaltou à agência de notícias AP a necessidade de maior período de descanso. Disparou:
— O que acontece é que o lado comercial move tudo.