Em tempos de twitter, facebook, comunidades no orkut e noticiários online que só faltam transmitir ao vivo antes de o ao vivo tornar-se realidade, o silêncio é estranho. Para não dizer anacrônico.

Ainda mais quando se trata de um evento que, ali adiante, será o único assunto em qualquer idioma, do português ao mandarim. Mas é o que está acontecendo com jogadores cujas vagas na lista dos 23 de Dunga para a Copa do Mundo são incertas.

Até 11 de maio, quando os eleitos serão anunciados pelo técnico, boca fechada contará tanto quanto belos gols, tipo estes que o holandês Arjen Robben anda fazendo pelo Bayern.

Dunga exige silêncio. Detesta tudo o que possa resultar — conforme a sua lógica, bem entendido — em contribuição para ''campanhas'' pela convocação deste ou aquele. Tem jogador evitando entrevistas sobre Copa por receio de se queimar aos olhos do chefe.

Claro que não são todos. Kaká pode até compor poemas sobre a África ou preparar um prato típico diante das câmeras de TV que nada lhe acontecerá.

Mas quem está na condição de candidato e tiver projeção, como Ronaldinho ou Neymar, recebeu por emissários recados para não tocar no assunto.

Não deixa de ser uma forma de censura. Jogadores famosos serão sempre cogitados para a Seleção, estejam eles em fase ótima, boa, regular ou ruim.

Dunga também não gosta, e isso vale para todos, de ver seus eleitos participando de programas de TV em tom mais descontraído, quem sabe festivo. Só que o Brasil é um país descontraído e festivo, e assim tornou-se pentacampeão.

O técnico está paranóico em levar à Copa um grupo operário e disciplinado, antítese da esbórnia de 2006. Mas há um certo exagero em tolher, mesmo que não explicitamente, entrevistas sobre o desejo de representar o seu país em um evento com o qual todo menino, jogador ou não, um dia sonhou.

Se a Seleção alcançar o hexa, não será por seus silêncios.


Siga a coluna no twitter