| 21/04/2010 15h35min
Não é só a chuva. O dia amanheceu desabando em Florianópolis. A tarde amenizou a tempestade, que virou garoa. A previsão para a hora do jogo é de tempo instável, o vento traiçoeiro de sempre e um friozinho. Dois fatores mudaram o ambiente, que de guerra passou a ser apenas de pressão, a velha e boa pressão do time da casa sobre o visitante, como em qualquer lugar do mundo. O que não é pouco, vale lembrar.
Mas é fato: baixou a temperatura na Ressacada para Avaí e Grêmio.
O primeiro fator foi o título no segundo turno do Campeonato Catarinense e a consequente vaga na final. A torcida está aliviada. Perder para o Grêmio? Tudo bem. Ser banido da final pelo rival Figueirense? Tudo mal. E o Avaí vai decidir contra o Joinville.
O segundo fator veio da direção do Avaí. O presidente João Zunino trabalhou muito para evitar o clima de guerra, motivado pelas próprias declarações dos dirigentes e dos jogadores após a partida no Olímpico.
Motivo: medo do estigma. Em 2008, um torcedor do Criciúma ficou gravemente ferido durante confronto com os avaianos, no Heriberto Hülse. Após ser atingido por uma bomba de fabricação caseira, o aposentado Ivo Costa, 63 anos, teve que amputar a mão direita.
O Avaí teme ficar estigmatizado como violento. Se já deu confusão fora da Ressacada, imagine se algo ocorrer dentro do seu estádio. Então, Zunino trabalhou muitos nas últimas 48 horas para amenizar o ambiente.
Por isso tomou a decisão de aumentar o espaço gremista no estádio, de 1,5 mil para 3 mil lugares. Contra o Figueirense, foram só 1,5 mil. Os torcedores foram orientados a não hostilizar Silas, alvo de toda a discórdia, no hotel em que o Grêmio está hospedado.
Apenas alguns o xingaram enquanto concedia entrevista para a RBS TV, mas nada grave. Até as faixas em desagravo pelas juras de amor ao Grêmio — Silas fazia o mesmo no Avaí — receberam sinal contrário da direção.
De certo, apenas que Silas não será aplaudido, como aconteceria se não tivesse sido acusado pelo Avaí de pedir para o árbitro expulsar Caio no Olímpico e de afirmar que o sentimento pelo Grêmio já é maior do que pelo ex-clube. A vaia será forte e contundente. Silas não será perdoado.
Claro que o Avaí não esqueceu o Olímpico e tudo vai depender das ocorrências da partida. Mas a temperatura baixou na Ressacada. E isto é bom não apenas para o Grêmio, mas para o futebol.
Direção do Avaí teme que clube fique com estigma de violento se o jogo contra o Grêmio não for de paz
Foto:
Ricardo Duarte