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 | 16/04/2010 07h10min

Bastidores das vitórias brasileiras: a versatilidade dos gênios na Copa de 70

Lemyr Martins conta como a Seleção superou grandes rivais e levou o tri

Ana Maria Acker  |  ana.acker@rbsonline.com.br

A famosa imagem de Pelé socando ar em jogo da Copa de 70 foi clicada pelo jornalista Lemyr Martins e traduz a importância daquela Seleção para a história do futebol. A conquista do tri determinou a consagração do Brasil em mundiais e deixou na lembrança uma equipe que, além da qualidade, surpreendia os adversários pela versatilidade. Marcar era missão praticamente impossível para os rivais, argumenta Lemyr:

– A Seleção de 70 tinha uma série de jogadores muito versáteis. O Rivellino, que era ponta-esquerda na equipe de 70, era meio-campo no Corinthians. O Jairzinho era centroavante no Botafogo e jogava na ponta-direita. No meio-campo, tinha Clodoaldo e Gérson, mas vinha um Piazza, que era quarto zagueiro, para formar um tripé defensivo. Ou então com Pelé, para formar um tripé ofensivo – explica.

– Você podia marcar o Pelé, mas sobrava o Tostão. Você marcava o Tostão, tinha um Rivellino, um Jairzinho. Era impossível. Então, mais do que um futebol total, foi um futebol total e artístico – completa.

O soco no ar é a foto do Rei mais publicada no Brasil. Lemyr Martins seguiu de perto a trajetória do maior jogador de todos os tempos - foi o único repórter brasileiro a cobrir o milésimo jogo de Pelé, em Paramaribo, Suriname, em 28 janeiro de 1971 e todas as despedidas do craque.

Antes da Copa de 70, a forma do atleta chegou a ser questionada:

– O Pelé estava se despedindo daquela Copa e houve gente que pensou que ele poderia não corresponder. E ele tinha introjetado que queria deixar o Mundial com a sua marca. Em 66, a Seleção foi uma aventura. Algumas pessoas o contestaram, porque um rei também é contestado. Mas ele deu uma demonstração fantástica, fez gols antológicos no México e deixou de marcar outros tantos – enfatiza o jornalista catarinense.

A qualidade daquele time se sobressai, porém há outro ponto que valoriza a conquista do tri. Segundo Lemyr, o Mundial do México apresentava as grandes potências em plena forma - Uruguai, Inglaterra, Alemanha e Itália. Antes da partida contra os uruguaios, a imprensa do México lembrou do Maracanazo, só que o Brasil deu o troco, vencendo por 3 a 1 nas semifinais.

Entretanto, o trauma de 50 não estava totalmente sepultado e um ex-técnico da Seleção foi determinante para eliminá-lo:

– O Aymoré Moreira, que trabalhava como correspondente, foi até a concentração e, junto com o Zagallo e outros dirigentes, fez um trabalho de tirar a euforia do 'já ganhou'. Eles usaram o que a imprensa mexicana havia feito no jogo contra o Uruguai. Lembramos o fantasma de 50 para enfrentar uma Itália. Foi uma partida difícil, mas Brasil era favorito e confirmou – revela.

Confira o relato completo de Lemyr Martins e saiba como foi a famosa reunião de jogadores que encaminhou as escalações de Rivellino, Everaldo e Piazza:

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Lemyr Martins / 

A imagem clássica de Pelé na Copa de 70
Foto:  Lemyr Martins


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