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 | 23/02/2010 09h28min

Señor América: Jorge Fossati desvenda os segredos da Libertadores

Técnico uruguaio começa nesta terça sua 11ª participação no torneio

Leandro Behs e Leonardo Oliveira

Às vésperas de começar sua 11ª Libertadores, o maior transtorno de Jorge Fossati ontem era se desvencilhar dos desvios no trânsito de Porto Alegre. O técnico escolhido para conduzir o Inter no caminho do bi a partir das 21h50min, contra o Emelec, até se vira bem nas avenidas da Capital. Só que, como único motorizado da sua comissão técnica uruguaia, cumpre périplo para apanhar os amigos em casa antes de chegar ao Beira-Rio.

Esse foi o maior obstáculo a pouco mais de 24 horas daquele que classifica como “o jogo mais importante da Libertadores para o Inter”. E quando Fossati solta seu vozeirão para entrar nesta seara sul-americana, é aconselhável parar para ouvir:

O perigo Emelec

“Vocês verão um time bem entrosado, a maioria dos jogadores está junto há mais de um ano. O técnico do ano passado mudou e, pelo que vi agora, mudou algo no sistema tático. Mas o time continua entrosado e com boa ideia de equipe. Defensivamente é forte e de jogadores de boa experiência e personalidade. Os dois Marcelos (Elizaga, goleiro, e Freitas, líbero) têm boa liderança. O Emelec tem jogo curto interessante. Se deixarmos espaços, é perigo. Tem bom termo no meio-campo, especialmente os dois volantes centrais que utilizam (Pérez e o Quiñonez – há três ou quatro no grupo, mas me refiro ao Pedro). Quiroz, dono de muitos anos de experiência no futebol de lá e joga um pouco mais adiantado do que o normal. Tem bom chute e boa leitura do jogo. O Emelec usa geralmente dois atacantes com velocidade, Biglieri e Rojas, velozes e de boa técnica. Temos que ficar de olho nos contra-ataques deles. É claro que o Emelec tem pontos fracos, como todos nós, e vamos explorá-los.”

Os equatorianos

“A grande mudança no Equador começou com a seleção, na época de Hernán ‘Bolillo’ Gómez, treinador colombiano (levou o país à Copa de 2002). Ele começou a mudança na cabeça do jogador equatoriano, que sempre teve boa técnica, mas carecia de confiança. Depois teve a LDU, que mostrou que não era sonho remoto chegar ao título. Hoje os equatorianos têm times de qualidade e caráter para disputar essas competições continentais. Mas talvez o melhor esteja de fora, a LDU.”

A garra uruguaia

“Dos três, o de melhor estrutura e bons jogadores é o Nacional. O Racing tem característica de bom jogo, historicamente, é chamado de academia. O Cerro é o que se identifica como equipe de futebol uruguaio, de garra, temperamento. Não é um time em que se verá estrelas. Mas aquele espírito charrua que eles têm obriga a respeitá-los.”

Cuidado com o Vélez

“Nos últimos anos, não acontece só na Argentina, de clubes ditos grandes ficarem de fora das grandes competições. No caso do Vélez, não sei por que não o consideram um dos grandes da Argentina. Pela estrutura e pelos títulos, merecia esse rótulo. O Banfield é muito bem estruturado mesmo, com bons jogadores. O técnico Júlio Falcione é excelente, conhece a Libertadores dos tempos de jogador. Assim como o técnico do Vélez (o ex-atacante Ricardo Gareca). O Estudiantes tem sido catalogado como o melhor argentino.”

Libertad emergente

“Os times paraguaios sempre exigem respeito. O Libertad mostra sua força a cada ano. Passou por grande mudança, creio que há três anos. O presidente o virou dos pés à cabeça. A estrutura que conheci era muito pobre e, hoje, é exemplo. O Libertad entrou na faixa dos times de cima e decide com Olimpia e Cerro Porteño no país.”

Orgulho chileno

“Aconteceu o mesmo que falei sobre os equatorianos. Houve uma certa simbiose no futebol do país a partir da seleção nacional. Mudou especialmente em relação à autoconfiança e à personalidade dos jogadores. Isso está refletindo nos clubes e, por isso, os clubes chilenos merecem respeito na Libertadores. Sem contar que são os três grandes do país (Colo Colo, Universidad de Chile e Católica).”

Os brasileiros

“Se olharmos apenas os brasileiros da Libertadores já se imagina que teremos uma competição bem difícil. É preciso chegar forte. Temos qualidade? Temos. Mas temos que lutar muito. Já aconteceu com um time brasileiro de ser surpreendido. Vi pesquisa, depois de Cruzeiro 7x0 Potosí, em que se dizia que os mineiros eram o candidato brasileiro para levar a taça. Foi encarar o Vélez e perdeu. Não é que o Cruzeiro está fora, mas há muitos clubes que estão bem.”

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