Eles fizeram muito sucesso, foram ídolos de Inter ou Grêmio nos anos 70 e 80 do século passado. Alguns viraram mitos. Com o tempo, voltaram ao convívio dos “normais”. O que fazem da vida? Esta pergunta dá nome à série de 11 reportagens. O Diário Gaúcho encontrou os ex-jogadores escolhidos por leitores.

A partir de hoje, serão revelados um por dia. Cinco gremistas, cinco colorados e um que atuou na Dupla. Há histórias surpreendentes, emocionantes e engraçadas. Recuperam uma época na qual o beijo em escudo era por amor ao clube. Mazaropi é o número 1 da série.

Quem está no hino do Grêmio é Lara, uma legenda. Na próxima revisão da letra, se um goleiro for citado, Mazaropi é ficha 1. Alguém dirá que Danrlei tem 14 títulos. Poucos, porém, sabem que...

– Quando ele surgiu, em 1992, eu era o treinador de goleiros. Tenho orgulho disso.

A frase é de Geraldo Pereira de Matos Filho, que ganhou o Mundial e Libertadores 1983, a Copa do Brasil 1989, seis Gauchões e o Supercampeonato Nacional, em 1990.

Ou seja: além de uma dezena de faixas, Mazaropi lapidou seu sucessor. Por isso, esteve na despedida de Danrlei. Esta e outras histórias ele contou em duas horas de conversa na social do Olímpico.

Aos 56 anos, Maza mora em Sapucaia do Sul, tem escolinha vinculada ao Grêmio, em Venâncio Aires, e é um técnico sem clube:

– É difícil. Até agora, peguei clubes com pouca estrutura, mas não desisto fácil.

À espera de uma chance no Grêmio

Encarar agruras é com ele. Com 17 anos, chegou ao Vasco. Caipira do interior de Minas, virou Mazaropi, devido ao ídolo das comédias de cinema. Aos 22 anos, era titular. No ano seguinte, caiu em depressão pela morte da mãe.

Abel Braga, então zagueiro, reanimou-o. Aos 25, chegou à Seleção, mas foi cortado antes da Copa de 1978:

– Disseram que, com este apelido, não tinha futuro. Preferi ser o Mazaropi.

A glória veio cinco anos depois. Ganhou o mundo. E sonha com novas conquistas no Grêmio:

– Os grandes títulos tiveram técnicos sem currículo e identificados com o clube, como Espinosa e Felipão.

Ficha do ídolo

Nome: Geraldo Pereira de Matos Filho, 56 anos (27/1/1953, em Além Paraíba-MG)
Onde mora: Sapucaia do Sul, com a mulher, Nadia, e os filhos, Marcos e Daniel
O que faz: treinador à espera de clube
Ano da estreia: 1975, no Vasco da Gama-RJ
Ano do adeus: 1991, no Guarani de Carazinho
Clubes como goleiro: Vasco da Gama, Coritiba, Grêmio (1983 e 1985 a 1990), Náutico, Figueirense e Guarani de Carazinho.
Clubes como treinador: Grêmio (interino, em 1992), Sapucaiense, Guarani de Venâncio Aires, Vilhena-RO e Santo Ângelo.
Títulos no Grêmio: Mundial e Libertadores (1983), Copa do Brasil (1989), Supercampeonato Nacional (1990) e seis Gauchões (1985 a 1990).

Fundo do baú

- O jogo da vida: o Mundial é marcante, mas me orgulho do 2 a 1 no América de Cáli, em 1983. Peguei o pênalti batido por Ortiz. Eram 38min do segundo tempo. Estava confiante e vi ele curvar o corpo para o meu lado direito. Saltei e espalmei. A vitória nos deu a vaga na final (vencida diante do Peñarol, do Uruguai).

- Alegria no futebol: fui vencedor. Por isto recebo o carinho de gremistas e colorados.

- Se pudesse voltar no tempo: gostaria de ter jogado no Exterior.

- Aprendizado na pior derrota: o tombo ensina a levantar. Em 1976, no Vasco, joguei na véspera da morte de minha mãe. Só pensava nela no hospital. Falhei no gol do Bahia (1 a 0).

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