| 16/12/2009 03h36min
Até o fim de 2012, quando a Arena do Grêmio deverá estar pronta finalmente, será sempre assim. Debates intensos, carregados de um inequívoco sentimento de perda do velho Olímpico de tantas glórias para um moderno estádio novo e capaz de conduzir o clube até o futuro. O problema é que os argumentos de quem é a favor e contra a Arena aos poucos vão tomando contornos cada vez mais acirrados. É o caso deste fim de ano azul.
Conheça o projeto da Arena:
Há quem diga que o Movimento Acima de Tudo (formado por 140 sócios e 15 conselheiros) quer transformar a reunião do Conselho Deliberativo do dia 21, marcada para tratar do orçamento de 2010 e do acompanhamento do projeto
Arena em um grande debate sobre o contrato de construção do novo
estádio. Não é a pauta, mas a oposição vai tentar. O certo é que os aliados do ex-presidente Hélio Dourado, responsável pela construção do Olímpico e principal adversário da Arena, resolveram acirrar a discussão. O advogado Flávio Jacobus, um dos autores do dossiê contrário ao contrato enviado para veículos de comunicação e fartamente distribuído na internet, é enfático:
– O Grêmio vai se descapitalizar nestes 20 anos, até assumir o novo estádio por completo. Vai perder capacidade de investimento. Vamos terminar com um só clube forte em Porto Alegre: o nosso adversário. Como diz Hélio Dourado, é um suicídio que a história vai cobrar – afirma Jacobus.
– Estudos da Fundação Getúlio Vargas garantem gestão de caixa com resultados melhores do que o Olímpico. Na Arena, a receita será maior. É o contrário: o Grêmio terá tremenda capitalização – rebate o presidente da Grêmio Empreendimentos, Adalberto Preis.
Flávio Jacobus diz que com a Arena clube
perderá dinheiro para investir
Basicamente, os críticos da Arena tal como está acordada com a construtora OAS baseiam o fogo cerrado em alguns pontos principais. Um deles é a obrigatoriedade de todos pagarem ingresso, o que faria algo em torno de 20 mil antigos sócios perderem o direito de ingressar nos jogos mediante mensalidade. É verdade, mas existe a possibilidade de o Grêmio bancar este valor a mais, mantendo tudo como está. Outro aspecto é a proibição de treinar na Arena, que seria usada apenas para jogos. À primeira vista pode parecer absurdo, mas já é assim no Morumbi e no Parque Antárctica, por exemplo. E são dois estádios particulares. São Paulo e Palmeiras treinam em CTs, como fará o Grêmio, no de Eldorado do Sul. A oposição entende que o período de gestão da OAS vai retirar receitas do clube, especialmente com o enfraquecimento do quadro social. Rendas dos jogos e aluguel de camarotes vão para a OAS.
– É um parceiro, que visa a lucro. Só que vai construir um estádio de R$ 400 milhões que será nosso mais
adiante. Até
lá, as vendas de jogadores, o patrocínio das camisetas, o quadro social, as cotas de TV, tudo isso é do Grêmio como é hoje. Isso sem falar nos R$ 7 milhões anuais nos sete primeiros anos e, a partir daí, R$ 14 milhões, que a empresa gestora nos repassará – defende-se Preis.
– R$ 7 milhões não é nada. De acordo com o orçamento de 2009, gastamos mais do que isso (R$ 8 milhões) só nas categorias de base. São valores irrisórios. Sem falar nos preços dos ingressos, que serão definidos pela OAS. Vamos perder dinheiro para investir no futebol. Podemos reformar o Olímpico e não perder nada disso – diz Jacobus.
Se os prazos estiverem certos, em junho começam as obras da nova casa tricolor. O que não deverá arrefecer o ânimo dos debates acerca da Arena. Ao contrário: a tendência é esquentá-lo.
10 dúvidas sobre o estádio
1) O Grêmio ficará proibido de treinar na Arena?
Não é
uma regra absoluta. O time não poderá treinar todos os dias para preservar o
gramado, como já acontece no Morumbi e no Parque Antárctica, por exemplo. Os treinos serão realizados no CT de Eldorado do Sul.
2) O Grêmio terá direito à renda do estádio?
O dinheiro das arrecadações de jogos vai para o caixa da OAS, construtora da Arena. Mas o contrato prevê pagamentos fixos anuais para o Grêmio mais percentuais sobre o resultado operacional: 100% em um primeiro momento e, depois, 65% (clube) e 35% (OAS).
3) Os sócios terão que pagar para entrar?
Na Arena, será preciso pagar ingresso, além da mensalidade já cobrada no Olímpico. Existe a possibilidade de o Grêmio bancar estes ingressos e ressarcir a gestora, liberando os sócios antigos que hoje ingressam no estádio mediante mensalidade.
4) A área do Olímpico vai para a OAS por quantos milhões?
A Grêmio Empreendimentos calcula em até R$ 80 milhões, mas este valor
é uma estimativa. Pode ser menos.
5) Quanto valerá a Arena quando passar
para o Grêmio, após 20 anos?
A estimativa é de R$ 350 milhões a R$ 400 milhões.
6) Quem decidirá as questões da Arena?
Um conselho formado por cinco integrantes (três da OAS e dois do Grêmio).
7) Quando começam as obras?
A licença de construção deve sair em maio. Se a OAS abrir as linhas de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou bancos privados, as obras começam em junho.
8) O Grêmio colocará dinheiro na Arena?
Nem um centavo. Do total, 55% são bancados pela OAS e 45% por financiamentos públicos ou privados captados pela empresa.
9) Quando a Arena estará pronta?
Se os prazos forem cumpridos, em dezembro de 2012.
10) Qual será o nome da Arena?
Pode ser apenas Arena Grêmio, mas nada impede que a OAS negocie o nome com uma empresa, como no caso da seguradora Allianz, que pagou para ver o seu nome no
Allianz Arena, usado pelos dois times de Munique, o Bayern e o Munique 1860.
Local da Arena gremista, na Zona Norte, ganhou painel: se prazos forem cumpridos, estádio fica pronto em 2012
Foto:
Mauro Vieira