| 04/11/2009 03h57min
Responsável pela denúncia contra a Máfia do Apito, esquema de manipulação de resultados ocorrido no Brasileirão de 2005 que passou impune pelos tribunais, o promotor de Justiça paulista José Reinaldo Guimarães Carneiro condena a mala branca. Em entrevista a ZH, o também secretário executivo do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) afirmou que a lógica é parecida com a de quem recebe dinheiro para perder.
Zero Hora– É ético
receber incentivo financeiro para
vencer?
José Reinaldo Guimarães Carneiro – Não considero. Dentro do esporte é um desastre completo. É só o torcedor imaginar que pode render mais porque recebeu dinheiro. Eu deixaria de ir ao estádio.
ZH – Existe punição prevista?
Carneiro – É uma lacuna jurídica. Não há crime imputável. O Tribunal de São Paulo decidiu que não havia crime nem na Máfia do Apito. É um desrespeito à fé no esporte.
ZH – O que pode ser feito?
Carneiro – Projeto de lei tramita desde 2005 no Congresso. Ele tipifica fraude esportiva. Se um dia for aprovado, permitirá enquadrar como crime perder e ganhar por dinheiro.
ZH – Quem aceita dinheiro para vencer aceita para perder?
Carneiro – A lógica é a mesma. O atleta já recebe do clube. O problema é o auxílio externo.