| 10/09/2009 21h20min
Comentaristas e especialistas de Fórmula-1 não usaram outro adjetivo que não fosse outro para classificar a atitude do brasileiro Nelsinho Piquet no GP de Cingapura no ano passado: lamentável. O ex-piloto da Renault aceitou forçar um acidente para beneficiar o companheiro de equipe, Fernando Alonso, a mando dos diretores Flavio Briatore e Pat Symonds. Nesta quarta, Nelsinho prestou depoimento à FIA sobre o ocorrido e admitiu a armação. O comentarista de F-1 de Zero Hora, Daniel Dias, lembra de outros casos, mas considera que esse foi diferente:
– Há um histórico de batidas propositais na Fórmula-1, como as de Senna e Prost em 1990 e 1991. Mas esse envolvendo o Nelsinho Piquet é diferente porque seria como um arranjo de resultado. Isso é mais grave. O Nelsinho aceitou um arranjo proposto pelo Briatore e topou uma coisa lamentável. E mais lamentável é ter vindo à tona agora, depois de ter sido demitido. Se ele estivesse na Renault, esse assunto não teria surgido. É um dos episódios mais lamentáveis da história da F-1 e infelizmente envolve brasileiro. Eu li o depoimento dele e fiquei chocado.
– Embora a gente já esperasse há algum tempo a confirmação, a partir do momento que foi divulgado que a FIA estava investigando o caso, estava na cara que alguma coisa realmente tinha acontecido. Mas lendo o que o Nelsinho confessou à FIA, fico chocado. Primeiro por se tratar de uma equipe que representa uma marca tão importante como a Renault, com uma história no automobilismo, propor isso a um piloto, algo tão cafajeste. E mais surpreendente ainda é um piloto aceitar. Não há desculpas para o que o Nelsinho fez. Mesmo que ele tivesse com uma arma apontada para a cabeça, jamais poderia ter aceitado fazer aquilo. Era de tirar o macacão na hora, colocar o capacete na mesa e denunciar.
Comentarista do canal Sportv, Lito Cavalcanti considera que Nelsinho ficará marcado para sempre no automobilismo:
– Não sei se ele tinha outra opção a fazer, mas ele vai levar isso no currículo dele até o fim. Vai ficar estampado na vida dele. Mas agora que ele negociou a delação, a tal "delação premiada", quanto à ética ele vai ficar marcado para sempre. E tudo leva a crer que o Nelsinho não daria um passo desses sem falar com o pai – disse, dando indícios de que o tricampeão de F-1 também estava a par do arranjo.
Daniel Dias afirma que Nelsinho já era para a Fórmula-1, mesmo que não sofra punição da FIA:
– Acho que a única forma de ele voltar à categoria é o pai dele comprar uma equipe. Ele escapou de uma punição da FIA, mas não vai escapar das consequências. O circo da F-1 vai queimar ele naturalmente. Eu confiava muito nele. A FIA agora vai ficar muito mais preocupada agora porque mancha o esporte. Isso é manipulação de resultado.
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