| 14/07/2009 17h47min
Para relembrar alguns Gre-Nais históricos, o clicEsportes foi atrás de personagens do clássico. Nesta quarta-feira, foi ao ar um vídeo especial sobre o Gre-Nal de inauguração do Estádio Olímpico, em 1954. Entre outros depoimentos, Larry, autor de quatro gols, relembra um jogo incrível para os colorados que estragaram a festa do maior rival.
Confira outros trechos da entrevista concedida pelo ex-atacante colorado. Nascido em Nova Friburgo (RJ), ele se instalou em Porto Alegre e nunca mais quis sair. Mora na capital gaúcha até hoje. O Cerebral Larry, como era chamado, entrou para a história do Inter e tornou-se uma lenda viva do centenário clássico:
Desempenho em Gre-Nais
— Em menos de
dois meses eu fiz sete gols no Grêmio. Isso fica marcado. Eu joguei
aproximadamente 22 Gre-Nais. Ganhei uns 14 e perdi uns sete. Fiz algo parecido com 11 gols.
A importância do Gre-Nal
— Considero o clássico Gre-Nal, em termos de impacto, o clássico mais importante do Brasil. Não é por achar que somos superiores a alguém. É que no Rio Grande do Sul há uma concentração muito grande da rivalidade. É Grêmio e Inter, Inter e Grêmio, e deu, estamos conversados. Por exemplo, nessa época teve um jogo que ganhamos do Juventude em Caxias por 8 a 1 e o Bodinho fez seis gols! Seis! E hoje ninguém fala nesse jogo.
O início da carreira
— Eu voltava para receber a bola, fazia tabela, chutava muito bem com os dois pés e fazia muitos gols. Jogava nos aspirantes do Fluminense e disputei a Olimpíada de 1952 em Helsinque pela Seleção Brasileira. Quando o Zezé Moreira me botava nos profissionais do Fluminense, ele queria que eu jogasse fixo dentro da área, e
eu não sei jogar assim. É diferente jogar de costas para o gol, esse é
o cara que usa mais o corpo, não precisa ser tão inteligente. O Fluminense jogava de uma maneira que todo mundo trabalhava bem a bola.
A chegada ao Inter, em 1954
— O Zezé disse que tinha dois times interessados em me contratar, o Inter e o Náutico. Ele disse que queria que eu fosse para o Rio Grande do Sul porque já tinha um futebol mais competitivo, para eu ganhar experiência. Cheguei aqui e peguei um time que era mamão-com-açúcar para jogar: Florindo, Oreco, Salvador, Luizinho, Bodinho... Aqui eu me adaptei completamente e não tive mais vontade de voltar. Tive muitas propostas para sair. Só o Flamengo veio sete vezes atrás de mim. Mas eu nunca quis sair do Inter.
A parceria com Bodinho
— Sem vaidade nenhuma, eu era extremamente inteligente para jogar. Tinha visão periférica de jogo. Quando a bola vinha da defesa para o Bodinho, se viesse pelo alto, ele, que cabeceava
muito bem apesar de ser baixo, já jogava por cima do zagueiro. Quando eu
passava por trás e pegava a bola, eu já pressentia que ele estava passando pelo outro lado, fazendo um 8. Então a gente fazia a tabela e jogava assim. Quem jogava mais na frente era o Bodinho, não eu.
A identificação com o Inter
— Fico orgulhoso ao ouvir histórias como a do meu neto, Bernardo. Ele estava na aula e o professor perguntou: "O que é um ídolo para vocês?". Os alunos começaram a citar exemplos de ídolos, e um deles disse Ronaldinho. Aí o professor disse: "Será que o Ronaldinho é um ídolo? Na primeira oportunidade que teve, ele saiu e foi cuidar da vida dele. Para mim, ídolo é o Larry, que jogou a vida inteira no Inter e nunca quis sair". O meu neto ficou explodindo de alegria.
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