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 | 13/07/2009 13h30min

As revelações de Souza na TVCOM

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br


 Foto: Fernando Gomes







Durante muito tempo a imprensa apanhou quando noticiava que os jogadores do Grêmio não estavam unidos em torno de Celso Roth feito os americanos na hora das últimas homenagens a Michael Jackson. Todos desmentiam. E o faziam com sinceridade franciscana. Jogadores, dirigentes e, claro, o próprio treinador.

Pouco mais de três meses depois emerge a verdade pela voz de Souza (foto). Os jogadores não concordavam nem com o esquema e muito menos com o conceito de futebol empregado pelo ex-técnico, substituído por Paulo Autuori após o interinato de Marcelo Rospide.

Souza foi o entrevistado do Bate-Bola, da TVCOM, ontem. Deu um show. Falou sobre tudo, sem receios.

Criticou o dossiê de Fernando Carvalho. Revelou que o São Paulo o assediou com insistência quase pornográfica para que traísse o Grêmio e voltasse ao Morumbi ao final do vínculo com o PSG, da França. Tornou a denunciar árbitros "mal-educados". Afirmou que Jean, ao ser expulso ontem, disse horrores para o árbitro na vitória sobre o Corinthians por 3 a 0. Se for tudo para a súmula, Jean vai ficar bom tempo de molho.

À certa altura, perguntei a Souza o que havia mudado na sua vida com a troca de treinador. Frisei, inclusive, que não cometeria a deselegância de pedir juízos de valor acerca de dois profissionais sérios e trabalhadores como Roth e Autuori. Souza, do seu jeito franco e sem pedir licença, aceitou a pergunta:

— Com o Celso era mais aquele jogo de contra-ataque. Agora, não. Agora a gente joga. Você ergue a cabeça e tem sempre alguém passando. O Adilson cruzou da esquerda para o segundo gol, do Jonas. O Fábio Santos solta. Aumentaram as opções para dar um passe. Com o Celso, ficava um espaço enorme entre meio-campo e ataque. Às vezes só restava a opção da bola longa. Agora jogamos agrupados, valorizando o toque de bola.

Não poderia existir revelação mais clara e transparente do que essa, de Souza. Os jogadores do Grêmio obedeciam Celso Roth. Por razões meramente profissionais. Não havia envolvimento. E estar fechado com o comandante significa envolvimento, crença nas suas ideias, prazer de reproduzir no jogo o que é treinado durante a semana.

Como o Grêmio poderia ser campeão de algo em um ambiente desapaixonado assim, independentemente da qualidade do grupo? 

Demorou, mas a verdade apareceu. A revelação de Souza nos convida a uma reflexão. A prudência manda desconfiar das juras de amor melosas e exageradas em tempos de crise. Não raro, é a mais pura fachada.

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