| 06/07/2009 05h10min
Os atacantes do Grêmio voltaram a fazer gols. E fizeram logo quatro, desovando a demanda reprimida. Dois para cada argentino, Maxi López e Herrera. São eles que têm que jogar, isso não se discute: diante da falta de soluções melhores, é Maxi, Herrera e mais nove. Fábio Santos parecia um lateral-esquerdo de Seleção Brasileira nos 4 a 1 contra o Atlético-PR, no Olímpico. Nada aconteceu às suas costas. De seus pés saíram cruzamentos exatos como os projetos de Oscar Niemayer.
No Inter, mais uma vitória no Campeonato Brasileiro. A segunda seguida. Fora de casa, ainda por cima. E por escore sereno. Dois a zero no Náutico. Liderança absoluta e isolada do Brasileirão com 20 pontos, dois à frente do Atlético-MG de Celso Roth que, como era de se esperar, já está patinando nem bem começou a
subida. Os titulares de volta, Nilmar marcando gols, o
esquema campeão da Copa Sul-Americana repetido.
Que maravilha, não? Vai ver não há tanto assim por arrumar no Beira-Rio e no Olímpico depois das derrotas, justas e incontestáveis, na Copa do Brasil e Libertadores. Aí é que mora todo o perigo.
Foram dois resultados escorregadios, matreiros, ladinos, malandros. Inter e Grêmio ganharam e enganaram ontem.
Atlético-PR e Náutico são candidatos ao rebaixamento, e nada mais. Portanto, os atacantes do Grêmio marcaram lindos gol em um time desarrumado e em crise técnica. Fábio Santos tornou-se um gigante neste contexto. Mais grave ainda é Túlio, um volante do qual se esperava capacidade para acrescentar qualidade ao meio-campo, seguir burocrático, com passes laterais, diante de um adversário incapaz de criar dificuldades mínimas.
O Inter tem o biombo da liderança para obscurecer problemas. É verdade que trata-se de um belíssimo biombo. Imagino que vários clubes,
inclusive, sonhem em herdar um biombo assim, sobretudo se
não o tirarem da sala de estar de uma hora para outra.
Mas o resultado engana. Mesmo com os dois gols de Nilmar e apesar do pênalti desperdiçado por D'Alessandro. Com Nilmar, os gols saem. Sem Nilmar, eles somem. Até o talento de Nilmar resolver a parada, o jogo não era tão fácil assim. O goleiro Lauro havia sido chamado a operar alguns de seus milagres para salvar a pátria. Não pode ser assim.
Algumas perguntas: não é perigosamente pouco para suportar até o fim de um campeonato longo, com 30 rodadas a serem disputadas, especialmente se a janela de agosto for madrasta com o Inter e levar o seu goleador? Não é hora de promover ajustes no meio-campo de três volantes? De dar sequência Andrezinho como meia clássico ao lado do argentino, no velho e bom quadrado? Como saber se Andrezinho é jogador de segundo tempo se ele não joga quatro vezes seguidas desde o início?
Amanhã tem reunião decisiva no Olímpico comandada por Luiz Onofre Meira, novo homem
forte do futebol. Nela serão
definidas dispensas, contratações, vendas, investimentos. Uma reunião para decidir o Grêmio, enfim.
Seria prudente o 4 a 1 de ontem ser limado das conversas. Retirado da foto, como fazia Stalin com seus inimigos. O exemplo não é o melhor, admito, mas como trata-se do resultado de um jogo e não de silenciar opositores, vale como imagem. Por que se entender que os atacantes não são tão limitados assim, que os laterais merecem mais uma chance, que o grupo é suficiente para voltar à Libertadores, o Grêmio está perdido.
Inter e Grêmio não podem se enganar com a alvorada de gols e pontos na tabela que a rodada lhes reservou. Se o fizerem, a queda vem à galope logo ali adiante.
Leia os textos anteriores da coluna No
Ataque.
Siga a coluna no Twitter.