| 01/07/2009 04h06min
Amigos e cardiologistas renomados, Ivo Nesralla e Fernando Lucchese só não compartilham a preferência clubística: o primeiro é colorado, o segundo, gremista. A dupla afina o tom ao dar recado aos torcedores mais nervosos com as decisões.
– Pelo amor de Deus, perder o controle por uma partida de futebol é um exagero – aconselha Nesralla.
Apesar do discurso, os 70 anos do diretor do Instituto de Cardiologia lhe deram experiência suficiente para saber a importância de Inter e Grêmio na vida dos gaúchos. Ele mesmo assistirá em casa à decisão de hoje à noite contra o Corinthians com uma boa dose de confiança na vitória do Inter. Será uma torcida tranquila. Mas nem todos são assim. Em dias de decisão, aumenta bastante o movimento no Instituto de Cardiologia.
– O desequilíbrio emocional pode levar a situações de infarto agudo. Algumas pessoas chegam lá em situações que exigem manobras de ressuscitação – afirma.
Lucchese, 61 anos,
também prega o controle emocional, embora considere os
apaixonados por futebol impassíveis a conselhos em dias de jogos comuns ou em decisões. Ele também acredita ser possível chegar à final da Libertadores, mesmo depois que o seu Grêmio “bobeou” em Minas Gerais, quando perdeu por 3 a 1 para o Cruzeiro. Ele retorna amanhã de Boston (EUA), onde participou de simpósio de cardiologia pediátrica, e vai para o jogo da noite.
Mesmo com os exames em dia, Lucchese ensina macetes para cuidar do coração. Controlar a euforia é um deles. Um estudo realizado na Inglaterra mostrou que a maior incidência de infartos ocorre com gols ou vitórias do próprio time.
– A tristeza deprime, a alegria é explosão, adrenalina, é mais perigosa – compara.
Outra pesquisa do mesmo país aponta que problemas cardíacos acontecem mais com pessoas fora do estádio. A explicação? Quem assiste ao vivo, vive a experiência. Quem está longe, fantasia, logo, sofre mais do que o necessário.
Outra: segundo estudo da Universidade
de Heidelberg, na Alemanha, aquela pessoa que
fica trancada, que não xinga, tem menos chance de infartar do que aquele que explode.
Cuidados decisivos |
- Faixa de maior risco de problemas cardíacos: |
Mulheres – acima de 40 anos |
Homens – acima de 45 anos |
- Não jante antes dos jogos. Faça refeições leves. A frequência cardíaca aumenta na hora da digestão. Melhor prevenir, indo ou não ao estádio |
- Não corra para chegar ao estádio. O esforço pode causar angina (dor no peito causada pelo baixo abastecimento de oxigênio no coração) e deixar a pessoa mais vulnerável na hora do nervosismo |
- Não beber. A primeira cerveja pode até relaxar, depois causa mais tensão |
- Evite exaltações. Pessoas que passam o jogo xingando jogadores, técnicos e trio de arbitragem correm risco maior de infarto do que os mais tranquilos |
- Os cardíacos devem se prevenir tomando sedativo prescrito pelo cardiologista. Aqueles que ficam mais agitados do que o normal, podem consultar um médico atrás da mesma solução |
- O mais importante: lembrar que são apenas dois jogos de futebol e, mesmo em caso de insucesso, a vida segue |