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 | 29/06/2009 12h30min

O que está por trás do Dossiê Carvalho

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

foto: Jefferson Botega, 11/04/2009










O DVD do vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho (foto), com os erros de arbitragem que têm favorecido o Corinthians, não é uma iniciativa. É uma resposta. Quando percebeu que o técnico Mano Menezes começou a dar entrevistas cobrando de sua própria direção atitudes fortes acerca do trio para o jogo da volta, Carvalho ligou o sinal de alerta no Beira-Rio. Duas declarações de Mano aceleraram o processo do DVD.

A primeira declaração:
— Tenho certeza de que o árbitro que for escolhido (para o jogo de quarta-feira) terá o mesmo desempenho da primeira partida, quando quem apitou (Héber Roberto Lopes) foi muito bem.

A segunda declaração, na mesma entrevista, publicada nos jornais paulistas e em diversos sites, é mais explícita e termina com um recado:
— Temos que nos preocupar com outros fatores extra-campo e sei que a diretoria está atenta.

Carvalho percebeu as intenções de Mano. A primeira delas: provocar. Ao elogiar um árbitro contestado de forma veemente pelo Inter (a ausência do terceiro cartão para Elias, a bola andando na cobrança de falta que resultou no segundo gol, o pênalti em Alecsandro no primeiro tempo), o objetivo é desviar o Inter do foco da partida.

Mano nunca fala bem de juízes. Seu mantra é reclamar sempre e de forma pesada, dentro e fora de campo. No sábado, na derrota por 1 a 0 dos reservas do Corinthians para o Atlético-PR por 1 a 0, cobrou um pênalti inexistente, como atestou o comentarista de arbitragem da Globo, José Roberto Wright. O zagueiro do Atlético-PR sobe, cabeceia e, na sequência, a bola resvala no seu braço. O jogador do Atlético nem está olhando para a bola. Mas Mano, inteligente e matreiro com sua reconhecida verve fácil, partiu para cima do árbitro e transformou o lance em polêmico.

Em 2007, quando ainda treinava o Grêmio, Mano perdeu para o Corinthians por 2 a 1. Ao final da partida, insinuou que estava em andamento um esquema para impedir o rebaixamento do time do Parque São Jorge. Meses depois lá estava Mano, trabalhando no mesmo Corinthians antes condenado por se beneficiar dos árbitros.

O objetivo de Carvalho com o DVD é equilibrar o jogo de pressão sobre a arbitragem de quarta-feira.

Tenho minhas dúvidas,apenas, se a forma (montar um DVD) vá surtir efeito. O certo é que os movimentos de Mano Menezes e do presidente campeão do mundo são absolutamente normais.

Fazem parte do espetáculo da final e do folclore do futebol. Os corintianos devem ter adorado quando Mano deflagrou as provocações e cobrou ação dos cartolas nos bastidores. Os colorado se sentirão defendidos com o DVD de Carvalho. E segue o baile.


Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.

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