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 | 17/06/2009 05h10min

Guerra no Pacaembu, paz no Olímpico

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



 Fernando Gomes e Lucas Uebel, Vipcomm









É uma superquarta para o futebol gaúcho. Raras vezes se viu Grêmio e Inter tão por cima como nesta noite. Pode-se dizer até que despedaçou-se a gangorra Gre-Nal, segundo a qual um só poderá flanar no paraíso quando os calcanhares do outro já estiverem chamuscando nas labaredas do inferno. Agora, não há como negar. Paraíso, hoje, só para o Grêmio contra o Caracas. O Inter deve festejar se conseguir voltar da batalha do Pacaembu apenas com ferimentos leves.

Primeiro, o Inter e sua guerra contra o Corinthians, na final da Copa do Brasil.

Nem vou falar nos quatro desfalques, três deles de nível de seleção — brasileira ou argentina. Sem Nilmar, Kleber e D'Alessandro, o Inter fica desfigurado. A ausência de Bolívar completa o drama. São todos experientes e acostumados a encarar partidas feito a desta noite com batimento cardíaco anfíbio. Jogadores assim crescem em decisões. E, por mais que se fale no grupo qualificado do Inter, não há como substituir nem de perto estes quatro. No caso de Kleber e Marcelo Cordeiro, então, os colorados devem estar se arrepiando mais do que o frio. Vale o mesmo para Nilmar. Alguém imagina Alecsandro driblando seis e marcando um gol de placa como aquela da primeira rodada do Brasileirão, aliás neste mesmo Pacaembu? Bem, mas prometi não falar dos desfalques.

Portanto, será preciso superação. E quem deve superar-se? Taison? Não. Este vai no arrasto dos outros dois que cito agora: Magrão e Guinãzu (D, na foto).

O sucesso no Pacaembu passa pelos dois volantes-apoiadores de Tite. Se eles defenderem como jamais fizeram este ano e tiverem fôlego para evitar que o Corinthians se abanque no campo do Inter, as chances de sobrevivência aumentam. Do contrário, vai ser um sufoco igual ao do Couto Pereira. William e Chicão, zagueiros de área de Mano Menezes, sabem jogar. Ao primeiro sinal de timidez ofensiva no adversário, eles avançam até a intermediária e espremem o adversário.

Com Nilmar e Taison isso não aconteceria nem se São Jorge invadisse o campo brandindo sua espada. Mas sem Nilmar será preciso mais toque de bola. Apostar só no contra-ataque de Taison é insuficiente. Por isso o Inter dependerá visceralmente da técnica e da devoção ao time de Guiñazu e Magrão. Eles é que devem compensar a perda do quarteto, ao menos em experiência e leitura correto do jogo. Eles é que dirão se o Inter chegará vivo ao Beira-Rio.

Agora, o Grêmio e a paz do Olímpico diante do Caracas, na Libertadores.

Não existe jogo fácil. Ainda mais em Libertadores. O próprio Caracas, em 2007, aplicou um susto no Santos nas oitavas de final. Depois do empate em 2 a 2 na Venezuela, saiu ganhando por 2 a 0 na Vila Belmiro e obrigou o time de Wanderley Luxemburgo a imprimir uma virada de contornos épicos. Assim, convém não imaginar facilidades antes do tempo.

Ainda assim, só os interessados em ganhar tudo de uma só vez apostariam o seu dinheiro nos venezuelanos. Se o Grêmio errou no 1 a 1 da Venezuela, foi por ter recuado demais, especialmente no primeiro tempo. Mas era o tempo de Tcheco (E, na foto) distante da área, ainda no 3-5-2 criado por Celso Roth.

Hoje será a primeira vez do 4-4-2 versão Paulo Autuori. Se já funcionou bem contra o Fluminense, domingo, no Maracanã, não há motivo para não melhorar hoje, com Maxi López melhor assistido por Tcheco e Souza. Basta ao Grêmio ter cuidado especial com a bola parada do Caracas — foi assim o gol sofrido na Venezuela — e evitar faltas perto da área. O zagueiro e capitão é exímio cobrador.

O grande desafio para o Grêmio será na semifinal, contra Cruzeiro ou São Paulo, que se enfrentam amanhã no Morumbi (no Mineirão, 2 a 1 Cruzeiro). Não duvido, inclusive, que a certa altura o torcedor do Grêmio grude o ouvido no radinho, secando o Inter no Pacaembu, perdendo o interesso no Olímpico.

Guerra no Pacaembu, paz no Olímpico.
Será assim a superquarta do futebol gaúcho.


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