| 16/06/2009 05h10min
Foto: Arivaldo Chaves
O vice de administração do Inter tomou uma decisão. Décio Hartmann não quer mais ficar insone três noites antes de cada grande jogo no Beira-Rio. Então, problemas como o de ontem, quando centenas de sócios perderam horas na fila à espera de ingressos (foto), serão atacados com a mesma volúpia de Taison e Nilmar em suas arrancadas. Primeiro, em caráter experimental, a partir de agosto. Depois, para valer.
A partir do Campeonato Gaúcho de 2010, os sócios do Inter terão que avisar com 72 horas de antecedência se vão ou não aos jogos.
Com o tempo, à medida que a mentalidade do torcedor for se alterando, o projeto é transformar o aviso prévio em procedimento
obrigatório. Inclusive prevendo sanções. Quem recusar-se a comunicar seus planos de torcer no estádio — muitos sócios exigem o direito de decidir em cima da hora — terá a sua mensalidade aumentada.
A mesma lógica será adotada no sentido contrário. O torcedor que se empenhar em ajudar o clube a vender mais ingressos — ontem, apenas 12 mil puderam ser vendidos, e ainda assim só para os sócios — será recompensando. As formas de premiá-lo estão em estudo, mas vão desde descontos na mensalidade até brindes variados, passando por viajar com os jogadores em alguma partida fora do Beira-Rio.
O Inter já queria estar com este projeto em andamento, mas a empresa contratada para desenvolver o software capaz de tornar possível o agendamento dos torcedores teve problemas. Para o primeiro jogo da decisão da Recopa Sul-Americana, contra a LDU, dia 25, e a volta da Copa do Brasil, contra o Corinthians, 1º de julho, uma experiência será realizada. O Inter fará uma ampla divulgação
solicitando que os pais
informe ao clube os menores que levarão ao estádio. Algo assim para quebrar o gelo e estabelecer uma comunicação neste sentido.
Não será fácil de chegar aos patamares do Barcelona e seus 163 mil sócios. A capacidade do Camp Nou é de 98 mil espectadores. No Reino de Messi, avisar o clube é regra. Por e-mail, especialmente, mas também por telefonema, os catalães ajudam o clube a lucrar com rendas maiores. Mas só há um jeito de chegar lá: é começando a mudar a cultura da torcida.
— O que não dá mais é ver o Beira-Rio com espaços vazios de sócios que resolvem não comparecer na última hora e saber que tanta gente ficou sem ingresso. O aviso não vai resolver o problema, mas vai nos dar uma margem maior para a venda de ingressos — resume Hartmann, um homem decidido a conseguir dormir antes de cada decisão no Beira-Rio.
Em tempo: o Inter fechou a segunda-feira com
96,6 mil sócios. Faltam 16 dias para os 100 mil, que serão
alcançados no dia 1º de julho, dia da finalíssima da Copa do Brasil, em Porto Alegre.
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