O nome mais surpreendente entre as 13 equipes anunciadas pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) como inscritas para a temporada 2010 da Fórmula 1 foi a inglesa Manor, chefiada pelo ex-piloto John Booth. No entanto, a zebra não pode ter sido tão grande assim. Afinal, Nick Wirth, diretor-técnico do novo time, foi sócio de Max Mosley, presidente da FIA, na extinta Simtek, pela qual Roland Ratzenberger morreu na classificação do GP de San Marino de 1994 e durou apenas dois anos na categoria.

No entanto, Wirth e Mosley tem ligações mais antigas do que a Simtek. Quando o futuro projetista ainda estudava engenharia mecânica e arquitetura naval na Universidade de Londres, ele fez amizade com Mark Herd, filho do fundador da March, equipe da qual o atual presidente da FIA era sócio. Wirth conseguiu um estágio na equipe por um verão e escreveu uma tese baseada na experiência no time de Fórmula 1, de acordo com o site Globoesporte.com.

March: o primeiro passo na F-1

Após se formar com honra, ele foi contratado pelo departamento de aerodinâmica da March, chefiado na época pelo projetista Gordon Coppuck. Em 1987, Wirth e Adrian Newey desenvolveram o bem-sucedido March 881, que conseguiu bons resultados na temporada de 1988 da Fórmula 1. Em outubro deste ano, a Ligier ofereceu-lhe a vaga de projetista-chefe, prontamente recusada por ele.

Em 1989, no entanto, a equipe foi vendida para o empresário japonês Akira Akagi, dono da Leyton House. Wirth não ficou muito tempo sem emprego: ele teve seu nome recomendado a Max Mosley, ex-sócio da March. Os dois fundaram a Simtek Research Ltd. em agosto daquele ano. A empresa começou na casa de Wirth com apenas mais um engenheiro ao seu lado, mas cresceu rapidamente. Com o apoio de Mosley, a companhia construiu seu próprio túnel de vento, em Banbury, e aumentou sua lista de clientes. Entre eles estavam a FIA, o governo francês e a Ligier. Em 1990, ele desenvolveu um projeto de carro de F-1 para a BMW, mas a iniciativa foi abandonada pela montadora.

O sonho da Simtek Grand Prix

Em 1992, quando Mosley foi eleito presidente da FIA, o inglês vendeu sua parte na Simtek para Wirth. No mesmo ano, a empresa construiu o chassi para o fracassado projeto da Andrea Moda. Frustrado, ele decidiu montar sua própria equipe de Fórmula 1. Em agosto de 1993 nascia a Simtek Grand Prix. Em dezembro, o S941 com motor Ford foi pela primeira vez à pista. Após a trágica morte de Ratzenberger, a equipe passou por sérias dificuldades financeiras em 1994 e abandonou a categoria em junho de 1995, com US$ 9 milhões em dívidas. O passivo do time e da empresa foram vendidos em um leilão em julho de 1995.

Wirth, no entanto, não abandonou a Fórmula 1. Com propostas de Ferrari, Sauber e Benetton, ele escolheu a última delas por causa da sede, na Inglaterra. Ele se tornou projetista-chefe do time em 1997, mas não foi bem-sucedido. Em 1999, Wirth deixou a equipe e fundou uma empresa especializada em robótica.

Mais ligações com Max Mosley

Após sete anos, no entanto, as relações com Max Mosley voltaram a render frutos. Em 2006, Nick Wirth começou a trabalhar no túnel de vento da FIA, em Casumaro, na Itália, no projeto da entidade de adotar duas asas traseiras na temporada 2008. A ideia era proporcionar mais ultrapassagens, mas foi abandonada antes mesmo de sua adoção.

Em 2007, Wirth se envolveu com o projeto da Acura na American Le Mans Series. Ele desenvolveu o protótipo da marca, na classe LMP1, que estreou nesta temporada. Um dos pilotos é o brasileiro Gil de Ferran, dono de sua equipe na categoria americana.