| 12/06/2009 14h30min
Foto: Diego Vara, 10/02/2009
Antes, a ausência dolorosa seria apenas de Nilmar. Em Curitiba, viu-se que Kleber, seu parceiro de clube na Seleção, também faz falta. E muita. Marcelo Cordeiro, o substituto, sentiu a pressão do Couto Pereira espumando e se atrapalhou todo. Márcio Gabriel, lateral do Coritiba, parecia um Cafu jovem pelo seu lado. Neste mesmo jogo, Bolívar foi expulso. Trata-se de um campeão da América, experiente e titular absoluto. Jogadores assim entram numa decisão como se batessem bola com o filho pequeno na Redenção. E agora, mais esta: a presença de D'Alessandro é
incerta.
Aí complica. Sem quatro titulares, sendo três deles de nível de seleção, brasileira ou argentina, o primeiro
jogo da final da Copa do Brasil contra o Corinthians, no Pacaembu, torna-se dramático para o Inter.
O exame de ressonância magnética realizado por D'Alessandro ontem não indicou nada de mais grave. Mas ele sofre de uma tendinite no músculo posterior da coxa. Após o jogo contra o Coritiba — e eu o vi passando pelo corredor do vestiário, em direção ao ônibus — a cara era de muita dor. Conversei com o médico Luciano Ramires. Tendinite vai e volta. É sempre uma limitadora dos movimentos. Assim, mesmo com o descanso neste domingo, contra o Vitoria, no Beira-Rio, é difícil saber se o argentino estará 100% no Pacaembu.
Perder um goleador como Nilmar, os dois laterais e mais o único armador nato do time (ou não tê-lo em sua plenitude) seria terrível.
Vale lembrar: a partir de D'Alessandro e Bolívar na lateral-direita o Inter engrenou na Sul-Americana do ano passado. Não há grupo, por mais qualificado que seja, e é
este o caso do Inter de 2009, capaz de suportar
tantos desfalques assim em uma final.
No Parque São Jorge, a ideia de que o bicho não é tão feio como se suspeitava começa a tomar corpo.
Conversei ontem com alguns colegas jonalistas de São Paulo que vivem o dia-a-dia do adversário do Inter e colhi deles esta impressão. A passagem à final com dificuldades diante do Coritiba aumentou a confiança corintiana. Os desfalques de Nilmar, Kleber e Bolívar e, agora, os problemas médicos de D'Alessandro reforçaram este sentimento. A imagem do Inter, até então, era de esquadra invencível.
É ruim tantos desfalques na final? É péssimo. Mas tem o outro lado.
Excesso de otimismo nunca é bom. A surrada porém atual história do salto alto sempre aparece nestas horas. Se não entra em um vestiário experiente como o do Inter, pode servir de combustível para o Corinthians. O técnico Mano Menezes é mestre na arte de criar inimigos
imaginários e compor fábulas para vitaminar seus times. Então, o Inter seria o
time da mídia. E o Corinthians, o patinho feio. É uma subversão da realidade, mas é assim que funciona na hora da motivação.
Pelas circunstâncias que cercam esta primeira partida da final, creio que tudo se encaminhará no Pacaembu. Se o Inter resistir lá com desfalques e bravura de sobra, se garante no Beira-Rio com o time completo. Para os supersticiosos, vale lembrar: na Libertadores de 2006 foi assim, a partir do 2 a 1 no Morumbi em cima do São Paulo.
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