O fisioterapeuta do atacante Ronaldo desde 2003, Bruno Mazziotti, disse que duvida que o Fenômeno volte para a Europa. Mazziotti acompanhou o jogador por Real Madrid (ESP), Milan (ITA) e Timão. A parceria, que teve início no tratamento de uma lesão no tornozelo, tornou-se amizade. Mazziotti e Ronaldo já moraram juntos, já se enfrentaram no basquete e no tênis (métodos de treinamento), e na “medição de cabeças”.

Pergunta - Qual o momento mais crítico que passou ao lado do Ronaldo?

Resposta - O Milan (ITA) é um clube maravilhoso, acolhedor, familiar, mas houve desconfianças em relação ao estado físico do Ronaldo. Muitas vezes, ele era questionado por uma metodologia de treinamento que não se encaixava a ele, ou mesmo no diagnóstico de lesões. Ele era criticado, mas não tinha culpa. Tivemos de provar repetidas vezes que sua recuperação poderia ser feita num tempo hábil. Se ele fica de fora por lesão, é muito cobrado, a gente se desdobrava para recuperá-lo.

Pergunta - O Ronaldo ainda tem alguma limitação de movimentos, ou sente dores nos jogos? Isso preocupa vocês?

Resposta - Não há nenhuma limitação física, clínica ou fisiológica no Ronaldo. A reabilitação foi monitorada e dividida em fases. Inicialmente, era preciso reabilitar o ser humano, depois o atleta. Eram sete ou oito horas de fisioterapia diárias. Muitas vezes, eu colocava os aparelhos enquanto ele dormia. Havia o incômodo momentâneo de fios ou eletrodos, interrompia o sono, mas ele fazia numa boa. Era muita disciplina e vontade de voltar a jogar futebol.

Pergunta - E o risco das lesões musculares, comuns em jogadores que param por muito tempo, preocupa?

Resposta - Ele não sofreu com isso por um trabalho de integração da comissão técnica. Havia necessidade de monitorar cada treinamento e repouso, o risco de lesão muscular era de 90%, e a meta era diminui-lo cada vez mais. Hoje, se ele sofrer lesão muscular, será por condições de jogo, elementos ainda imprevisíveis.

Pergunta - O que ele fala sobre Seleção Brasileira? Ele quer disputar a Copa de 2010, e você acha possível?

Resposta - Se ele mantiver o foco, como vem mantendo, não tenho dúvida de que a chance de disputar o Mundial é grande, desde que seja convocado. Acredito que ele está esperançoso para voltar à Seleção, onde ele se sente à vontade. O Ronaldo ama representar seu país. Mas temos um caminho a percorrer, só uma sequência maior de jogos pode proporcionar isso. Se ele estiver jogando bem, será o desejo dele e dos amantes de futebol. Mas tem de melhorar algumas coisas para isso.

Pergunta - O que o Ronaldo, que já trabalhou nos melhores clubes do mundo, pensa quando treina no Parque Ecológico, sem estrutura, com trens passando atrás...?

Resposta - Trabalhei no Real Madrid e no Milan. Costumo dizer que é a Disneylândia dos equipamentos. Mas não adianta nada, se não houver gente para trabalhar. O projeto elaborado pela diretoria do Corinthians me seduziu. Vocês ainda vão se surpreender com o que o Andrés (Sanchez, presidente) pensa em fazer no Corinthians.

Pergunta - E por que, ainda assim, Ronaldo cogita se aposentar este ano?

Resposta - Ele prefere viver o dia-a-dia. Não acredito na aposentadoria dele no final do ano, muito menos numa ida para a Europa. Ele está muito feliz no Corinthians. Como o projeto mais importante é disputar mais uma Copa... A gente espera que o casamento dure mais de um ano, e acho que vai durar.