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 | 18/04/2009 04h11min

Separação teria determinado decisão de Adriano de não voltar à Itália

Atacante mergulhou em tristeza profunda com o fim do relacionamento

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Tem cabelos loiros, olhos claros e corpo escultural o motivo que levou à loucura temporária o jogador Adriano, da Internazionale, de Milão, e da Seleção Brasileira. O nome dela é Joana Machado. Por dois anos, essa personal trainer foi a razão de viver do atleta brasileiro.

Aos mais distraídos, é necessário relembrar: o centroavante, celebrado entre italianos e brasileiros como Imperador, sumiu por três dias no início deste mês e declarou, após reaparecer, que vai abandonar o futebol temporariamente.

Adriano Leite Ribeiro é conhecido pelos altos e baixos no humor. Assim como está ótimo, mergulha em tristeza profunda. Foi num desses momentos de gangorra emocional que desapareceu, logo após ficar na reserva na vitória de 3 a 0 do Brasil sobre o Peru, dia 1º de abril, em Porto Alegre. Ele deveria ter embarcado para o Rio e, dali, direto para Milão. Não fez nada disso. Sumiu. Empresários, assessores de imprensa e amigos tentaram encontrar o jogador, sem sucesso. Seu Nextel (rádio que funciona também como celular) permaneceu desligado. Desapareceu na quarta e só foi encontrado pelo staff que o cerca no domingo, no Morro da Chatuba (Zona Norte do Rio), onde nasceu e se criou. Lá ele é patrono de um time de futebol amador. Lá ele foi buscado pela mãe, dona Rosilda, quando terminava sua terceira noite de ingestão de boas doses de cerveja.

O que aconteceu nesse período? Zero Hora entrevistou pessoas ligadas ao jogador. Foi até o hotel onde ele se hospedou, o Transamérica da Barra da Tijuca. Procurou por ele na casa em que sua mãe reside, na Avenida das Américas, no mesmo bairro. Não conseguiu entrevistá-lo, porque ele foi aconselhado por sensatos amigos a não falar. Mas uma coisa ficou clara: Adriano mergulhou numa espiral de conflitos emocionais após levar um fora da namorada de dois anos, Joana Machado.

– Ele é simplesmente louco por ela. Não tem nada de drogas, nada de razões misteriosas. O sujeito simplesmente não aguentou ficar sem a garota e resolveu entornar o copo – resume um amigo que conversou com Adriano nos dias posteriores ao seu sumiço.

Adriano não teria consumido drogas, “só loiras geladas”

E põe entornar o copo nisso. Na sexta-feira e no sábado anteriores a sua reaparição, Adriano foi visto esvaziando caixas de cerveja na companhia de amigos de infância no Morro da Chatuba. Mais especificamente, na Favela da Grota, local onde foi torturado e assassinado o jornalista Tim Lopes, em 2002. Um renomado delegado carioca, Marcos Reimão (da Divisão Antissequestro), declarou à imprensa que o jogador estava em companhia de traficantes da vila. Mais especificamente, do líder da quadrilha que domina a área, Paulo Rogério de Souza Paes, o Mica. O policial disse isso baseado na dica de informantes. Os amigos não negam, mas ressaltam o óbvio: Adriano é amigo de vários dos rapazes do “movimento” (como o tráfico é conhecido, no Rio). É o sujeito que deu certo num mundo em que tudo costuma dar errado, exceto para dois personagens onipresentes na favela, o bandido e o craque de futebol. Ressalte-se que ninguém, nem mesmo o delegado, relata ter ouvido falar que Adriano teria consumido drogas. Só “loiras geladas”. E na companhia de uma morena.

A morena em questão seria Ellen Cardoso, a “Mulher Moranguinho”, escultural dançarina de funk da equipe do MC Créu, um dos DJs da moda no Rio. Quando sua mãe foi buscá-lo para uma temporada de recuperação dos excessos etílicos na sua casa na Barra da Tijuca (presente dele à mãe, claro), Adriano carregou junto a “Moranguinho”. Dias depois, ao dar uma entrevista, ela confirmou à imprensa que os dois estão namorando.

Mas se já curou o porre interminável do início de abril, se já arranjou nova namorada, por que Adriano não reata os laços com a bola, sua verdadeira paixão?

Porque não consegue esquecer a monumental Joana Machado, relatam os amigos. Joana, garota de 28 anos criada na Zona Sul carioca, é o verdadeiro xodó do craque.

Adriano e Joana viveram juntos por mais de dois anos

Joana conheceu Adriano quando desfilava na escola de samba Porto da Pedra e foi convidada para uma festa do jogador na casa da Barra da Tijuca. Dali foi levada à Itália, onde viveu com ele por mais de dois anos, entre idas e vindas no namoro. Os dois costumam badalar em boates – e também travar discussões intermináveis, inclusive em público.

Joana mandou tatuar o nome de Adriano nas costelas. Ele lhe ofereceu joias e passeios ao redor do mundo, para reatar. Não adiantou, a moça parece estar irredutível.

– Ele passa um momento difícil e vamos tentar reverter a situação – pondera o empresário do jogador, o gaúcho Gilmar Rinaldi, que vai tentar negociar a situação de Adriano na Itália, onde seu contrato vai até o ano que vem. Uma das hipóteses é acertar a suspensão dos salários do atleta até que ele decida retomar o amor pela bola. Isso, ninguém duvida que vá acontecer. Principalmente quando o dinheiro acabar e os amigos, agora abundantes, começarem a sumir.


 
Cronologia da crise
Quarta, 1º/4 – Adriano fica no banco de reservas, no jogo de Porto Alegre em que o Brasil ganhou por 3 a 0 do Peru. Depois da partida, o atacante celebrou a vitória com jogadores da Seleção.
Quinta, 2/4 – As informações são de que Adriano alugou um jato para ir de Porto Alegre ao Rio. Desembarcou e foi direto do Aeroporto Antônio Carlos Jobim para uma festa no Morro da Chatuba, na Vila da Penha, Zona Norte carioca.
Sexta, 3/4 – O jogador continua na favela. Dorme na casa de um tio e também numa casa que comprou recentemente. Nem a mãe é avisada de onde ele está.
Sábado, 4/4 – O técnico do Internazionale, José Mourinho, reclama do sumiço do jogador. A Polícia Civil procura Adriano.
Domingo, 5/4 – A mãe do jogador vai buscá-lo na favela e o leva para sua casa, na Barra da Tijuca.
Segunda, 6/4 – Um delegado da Polícia Civil, Marcus Reimão, afirma que Adriano se encontrou com traficantes. O empresário do jogador, Gilmar Rinaldi nega que o jogador consuma drogas.
Quarta, 8/4 – Adriano recebe visita de Jorginho, auxiliar de Dunga. Alterna passeios entre a casa e um hotel, na Barra.
Quinta, 9/4 – Nas ruas, Adriano é saudado por torcedores e dá autógrafos. Pela tarde concede entrevista e anuncia que vai abandonar o futebol por um período.

AP / 

Atacente Adriano não definiu quando retornará aos gramados
Foto:  AP


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