| 24/02/2009 03h30min
A cena repetia-se cada vez que Bolívar era acionado no jogo contra a Ulbra, domingo. Revoltada com sua pouca aptidão para as jogadas de apoio, a torcida reagia com vaias. Encerrada a partida, ainda abalado, o lateral pediu a Tite para voltar à zaga, sua posição original.
Foi necessária uma demorada conversa, na sala do técnico, para que Bolívar reconsiderasse. Com as mesmas palavras da entrevista coletiva, Tite reiterou ao jogador sua inteira confiança. Deixou claro que, ao atuar de forma improvisada na lateral, ele está isento da obrigação apoiar com a mesma frequência de Kleber.
— Não sou um lateral ofensivo. Muito pelo contrário. Fico para que Kleber ou Marcelo Cordeiro avancem. Mas o torcedor não vê isso — desabafou o jogador, que aproveitou a segunda-feira de folga para levar o filho Tales ao cabeleireiro.
Bolívar lamenta que a torcida tenha esquecido tão rapidamente sua contribuição nas últimas conquistas do clube. Em 2006, ele foi um dos
destaques do time que conquistou a
Libertadores. A boa participação rendeu-lhe a transferência para o Monaco, da França.
Também foi decisivo em 2008, nos jogos finais da Copa Sul-Americana. Ao optar por um sistema defensivo mais sólido, Tite o escolheu para compor pelo lado direito uma linha de quatro zagueiros. Os outros três eram Índio, Álvaro e Marcão.
— Vim contratado para jogar de zagueiro. Abri mão disso para ajudar o time. Não reconhecem que fui campeão e pegam no meu pé na primeira dificuldade. E se eu me recusasse, quem o Inter iria colocar de lateral? — questiona Bolívar.
A corrente de solidariedade em defesa do jogador começou com o vice de futebol Fernando Carvalho. Inconformado com as vaias, o dirigente pediu aos torcedores que “colocassem a mão na consciência e não prejudicassem o time”. Segundo Carvalho, Bolívar apenas cumpre um papel designado pelo treinador.
— Esse murmúrio, esse ranço, tem que ser superado — cobrou.
Tite foi na
mesma linha. Lembrou que o primeiro papel de Bolívar é dar
sustentação para que os demais jogadores avancem. Considera “injustiça” exigir que ele vá ao ataque.
As palavras serviram para acalmar o jogador, cujo empréstimo se encerra em junho. Tanto que Bolívar está disposto a solicitar a Ricardo Gomes, técnico do Monaco, que auxilie na prorrogação.
— Não vou mais me preocupar com vaias. Vou só procurar fazer o que o técnico pede. Tenho que agradar a ele, não ao torcedor — acredita.