| 14/02/2009 04h25min
Quem teve a ideia de entregar a ele a camiseta 7 que Tesourinha, Valdomiro, Sapiranga e Fabiano imortalizaram foi o ex-presidente e atual vice de futebol Fernando Carvalho. Ou, como prefere o novo herdeiro: "Foi o hômi que resolveu".
O certo é que, desde então, coincidências estranhas e inusitadas, todas elas ótimas, invadiram a vida de Taison. Até a marca T7 está nos planos do atual ídolo da torcida.
Taison não é supersticioso como D'Alessandro, por exemplo, que chegou pedindo a camiseta 15 usada na seleção argentina. Nas categorias de base, na maioria das vezes era o 10. Quando muito, o 11. Mas Carvalho é supersticioso. Assim, Taison levou um susto quando ele se aproximou antes do jogo contra o São Luiz, em Ijuí.
— Ele me disse: "Esta camisa tem história. Agora, ela será tua" — contou Taison.
Carvalho até relacionou os craques que deram ao número 7 contornos míticos no Beira-Rio: Tesourinha, Valdomiro, Sapiranga, o próprio
Fabiano no Gre-Nal dos 5 a 2, em 1997.
—
Agora até esqueci dos nomes, mas já sei que é uma baita responsabilidade — disse Taison, com o mérito da sinceridade ao seu lado.
O curioso é que ele próprio passou a enxergar alguns fatos com olhar diferente. Contra o São José, quando fez dois gols, ele entrou no segundo tempo com o número 17 às costas:
— Já tinha sete ali, coisa isso!
Depois, seguiu matutando. Daniel Carvalho, seu conterrâneo de Pelotas, também descoberto no clube Progresso, era o 7 quando surgiu. A história é levada tão a sério no Inter que Andrezinho, em Erechim, diante do Ypiranga, cogitou usá-la. Não levou. Quando soube que Carvalho definira exclusividade para Taison, resignou-se com a 16 e ainda brincou:
— Tá com moral, hein?
No Inter, a camiseta 7 é como se fosse a 10 de Pelé. Tesourinha, para muitos o melhor jogador da história do futebol gaúcho, fez nascer a mítica. Entre 1939 e 1949, ganhou 10 Gauchões com o Rolo Compressor,
apelido conferido a um time que parecia condenado a vencer.
Nos anos 70, um ponteiro indicado pelo próprio Tesourinha consolidou a história para sempre. Por 14 anos, Valdomiro vestiu a 7. Até 1982, foi campeão gaúcho 10 vezes, sem falar no tri brasileiro. Mais ainda: Valdomiro, machucado, foi substituído por Chico Spina na primeira final de 1979, contra o Vasco. Resultado: 2 a 0 Inter, dois gols de Chico Spina. Que jogou, claro, com a camisa 7.
— Agora a 7 é minha. É T7, então!
"Ele é rápido e driblador. Vai ter futuro"
VALDOMIRO, 62 anos, 815 partidas pelo Inter de 1968 a 80 e 1982, cinco anos de convocações para a Seleção Brasileira entre 1972 a 1977, incluindo a Copa de 1974.
"Vi Taison jogar o Gre-Nal e aquele jogo contra o São José em que ele fez dois gols. É rápido e driblador. Vai ter futuro no Inter. Ele parte para cima. Atacante tem que ser assim: sem medo. Só peço que tenha humildade e treine. Se esquecer isso,
vai se perder no meio do caminho. Outra dica: assista aos seus jogos depois,
para se corrigir. Não sei como o Taison é no cruzamento, mas ele tem uma coisa que eu tinha: velocidade. E para quem acha isso pouco, olha o Gre-Nal. A velocidade dele e do Nilmar matou o Grêmio"